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Serraglio: cuidado com as costas. | Jose Cruz/ABR
Serraglio: cuidado com as costas.| Foto: Jose Cruz/ABR

Depois de passar dois anos na primeira secretaria da Câmara dos Deputados, o paranaense Osmar Serraglio (PMDB) quer assumir a presidência da Casa. Para tanto, desafiou o PMDB e lançou candidatura avulsa – quando não há o apoio oficial do partido – e vai concorrer com o presidente do partido, o deputado Michel Temer (SP), que se tornou alvo principal das críticas de Serraglio.

Para o deputado paranaense, se Temer for eleito, estará estabelecido um conflito de interesses, já que ele também é presidente do partido. "Como presidente do partido ele tem que ir até o Executivo e brigar pelos interesses do PMDB. Mas o presidente da Câmara não pode sair do Congresso para ir negociar cargos no Planalto", argumenta.

A seu favor, Serraglio garante a independência da Casa e promete que não envolverá os trabalhos do Plenário com a eleição de 2010. Além disso, lembra da sua meta principal: melhorar a imagem dos deputados. Para isso, promete uma ampla divulgação do trabalho dos parlamentares nos estados e nas comissões na TV Câmara, além de fazer um rodízio de entrevistas com cada um dos parlamentares na emissora legislativa.

O principal objetivo do senhor é melhorar a imagem dos deputados usando a TV Câmara. Mas ela é uma emissora que tem uma audiência muito baixa. Mesmo assim é possível mudar a imagem da Câmara apenas por esse meio?

É possível porque uma expressiva parte dos que assistem a TV Câmara é de formadores de opinião e eles repercutiriam o que vissem no canal.

E o que o senhor pretende apresentar para melhorar a imagem da Câmara dos Deputados?

Aqui na Câmara o grande trabalho dos deputados é feito nas comissões. No ano passado, 346 projetos que tramitaram pelas comissões não foram para votação no plenário, foram aprovados direto pelas comissões. Eu quero mostrar esse trabalho.

Outra coisa, os deputados trabalham mesmo fora de Brasília até no período de recesso. Existe essa ideia que os deputados só trabalham de terça-feira a quinta-feira.

Quero acabar com isso.

Também vamos mostrar o destino das verbas das emendas individuais. Tenho certeza de que, quando começarmos a mostrar o trabalho dos deputados, vamos melhorar a nossa imagem.

O senhor fala em sua proposta em tornar a execução das emendas individuais obrigatória. Para fazer essa mudança constitucional, não seria necessário comprar uma briga com o Executivo?

Não seria brigar e sim reconhecer uma coisa que já existe. Em 2008, o presidente Lula liberou todas as emendas individuais, da oposição e da situação.

O senhor tem criticado a candidatura de Michel Temer por ele ser também presidente do PMDB. O que isso poderia prejudicar o trabalho de Temer como presidente da Câmara?

Como presidente da Câmara, eu iria conduzir a Casa de forma isenta, independente. Eu não tenho nada a ver se o PMDB vai apoiar partido A ou B. Agora, o mesmo não vai acontecer com o Michel Temer, porque ele é o presidente do partido. Imagine o seguinte: digamos que o Sarney [senador José Sarney do PMDB-AP], se eleja presidente do Senado, aí o PT vem e exige um dos ministérios do PMDB, já que perdeu as duas presidências. O Temer vai brigar com o Lula? O presidente da Câmara? Porque como presidente do partido ele é partidário, tem que fazer isso, ir brigar pelos interesses do PMDB. Mas o presidente da Câmara pode ir ao Executivo negociar cargos? Não pode. Existe um conflito de interesses muito grande nisso.

O senhor acredita que candidato fora do PMDB pode levar a presidência?

Não, acho difícil que isso aconteça. Porque se tirarem o Michel e colocarem outro candidato que não seja do PMDB dá uma confusão danada na divisão partidária da mesa. Porque o Michel, para se garantir, abriu mão de todos os cargos da mesa. Isso significa que se o PMDB não ganhar a presidência, o maior partido da Câmara fica fora da mesa totalmente.

Mas essa distribuição dos cargos da mesa ainda pode mudar?

Claro que pode. Isso só será definido mesmo às 24 horas do dia 1º de fevereiro. A eleição é no dia dois.

O senhor pode retirar sua candidatura à presidência em troca de um dos cargos da mesa, talvez a primeira secretaria novamente?

Existem vários cenários. Mas, por enquanto, eu sou um feliz candidato à presidente da Câmara.

Se o PMDB tivesse apresentado outro candidato que não o deputado Michel Temer, o senhor teria lançado sua candidatura mesmo assim?

Se fosse um nome imposto, como é o do Michel, eu me lançaria sim. Antes do lançamento da candidatura do Michel eu mandei uma carta para os deputados do partido dizendo: Nós somos a maioria, mas existem 513 deputados na Câmara. Por isso, precisamos escolher alguém que seja benquisto, que tenha trânsito no plenário, que seja acessível.

O Temer não tem esse trânsito com os deputados, esse bom relacionamento que o senhor falou?

Ele tem mais dificuldade nisso. Ele não é alguém que circule pelos corredores do Plenário.

O senhor fala em sua proposta na construção de um novo anexo para a Câmara. Seria o momento de fazer obras?

No ano passado nós negociamos a folha da mesa, nós temos o dinheiro para fazer essas obras sem precisar mexer no Orçamento Federal. E outra, aqui na Câmara temos uma anexo com 576 pessoas trabalhando lá que tem apenas quatro banheiros. Nós temos comissões permanentes aqui que não tem sala. Falta espaço. Então, essa é uma obra necessária.

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