• Carregando...

Pares de sapatos e velas colocadas em frente à prefeitura de São Paulo na noite desta sexta-feira (18) lembram as 493 pessoas que morreram no estado entre os dias 12 e 20 de maio de 2006. O ato pede o fim da impunidade e a investigação das mortes, já que muitas ainda não foram esclarecidas.

As famílias dos mortos não compareceram ao evento porque, segundo Alves, temem represálias. A única que esteve no local foi Francilene Gomes Fernandes, de 27 anos, cujo irmão, Paulo Alexandre Gomes, de 23, desapareceu em 16 de maio. "Eu acho importante (estar aqui) para que as pessoas saibam que o aconteceu foi muito grave. Eu tenho um pouco de medo, sim. Mas eu quero saber o que houve com o meu irmão."

O protesto conta com o apoio do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana do Estado (Condepe). "A principal reivindicação é a questão da impunidade. Infelizmente, até agora, não tem ocorrido o mínimo esforço pra que esses casos sejam elucidados", diz Ariel de Castro Alves, integrante do conselho.

O ato foi organizado pela Comunidade Cidadã, uma organização que reúne moradores da periferia da Zona Sul. Cerca de 100 jovens vieram de bairros afastados como Grajaú, Jardim Ângela e Cidade Ademar para acender as velas, grudadas no meio de cada um dos pares de sapato.

"Nem em uma guerra morrem 493 pessoas por semana. E na periferia nada mudou após um ano", afirma Flávio Munhoz, de 30 anos, um dos organizadores do ato. "A gente julga que a redução da violência se faz através de políticas sociais."

As velas começaram a ser acesas por volta das 18h. Às 18h30, muitas pessoas que passavam pela prefeitura, paravam para ver o ato. Além das velas, os manifestantes improvisaram um telão onde exibem clipes de bandas de rap, como Racionais MC's, caracterizado pelas músicas de protesto. Acabaram atraindo os olhares de quem voltava para casa depois de mais um dia de trabalho.

Além do ato contra a impunidade, os manifestantes repudiaram a redução da maioridade penal. Eles também pediram políticas para a juventude. "Há uma guerra na periferia, os jovens morrendo e não acontece nada", reclamou Munhoz.

Uma carta com as reivindicações - entre elas ensino profissionalizante nos CEUs (Centros de Educação Unificada) - foi entregue para um representante do prefeito Gilberto Kassab. O vereador José Américo Dias (PT) também esteve na manifestação e prometeu levar a carta para ser discutida na Câmara.

"Eu acho o movimento importante porque é uma cobrança dramática de políticas públicas para a juventude. Quem acabou pagando (no ano passado) foram os jovens", disse o vereador.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]