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| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Os vereadores de Curitiba conseguiram evitar descontos em seus salários em 384 ocasiões em que faltaram às sessões plenárias. Durante o ano de 2015, nenhum dos pedidos de justificativa foi negado pela Câmara Municipal. O texto vago do regimento interno da Casa permite que quase qualquer explicação seja suficiente para abonar as ausências dos vereadores – além de prever faltas em situações como doença e luto, por exemplo, o texto diz que “outros motivos” poderão ser aceitos como justificativa.

Sem justificar

Três vereadores terminaram o ano sem apresentar qualquer justificativa para ausências: Ailton Araújo (PSC), Dona Lourdes (PSB) e Tico Kuzma (Pros). Em média, os vereadores da cidade tiveram dez ausências ao longo do ano. O maior número foi da Professora Josete (PT), que esteve em tratamento médico e justificou 12 das 24 vezes que não respondeu à chamada com consultas médicas.

Em 2015, por exemplo, houve 13 casos em que os vereadores da cidade disseram que perderam a primeira chamada da sessão por estarem presos no trânsito. O vereador Cristiano Santos (PV) foi quem mais apresentou justificativas do gênero: foram quatro ocasiões. Em sete ocasiões, os vereadores afirmaram que não estavam presentes no momento da chamada porque estavam dando entrevistas. Pelo menos três vereadores justificaram ausências dizendo estar em reuniões de seus partidos.

Explicação

Segundo o presidente da Casa, Ailton Araújo (PSC), a maior parte das justificativas apenas explica por que o vereador não estava no plenário na hora da chamada. “Normalmente, a pessoa acompanhou as discussões, assinou a chamada e só não estava naquele momento.” Ele admite que nem sempre concorda com todas as justificativas. “Pode haver um ou outro caso abusivo. Mas é o plenário que decide.”

A justificativa mais comum foi a de que os parlamentares deixaram de estar em plenário porque faziam atendimentos em seus gabinetes. Consultando os requerimentos de justificativa apresentados pelos vereadores, a reportagem localizou 78 situações como essa. Um dos vereadores, Rogério Campos (PSC), chegou a reclamar oficialmente que não se deslocou ao plenário no momento da chamada porque o sistema de som estava com “delay” e ele perdeu a hora de descer do gabinete.

Há casos em que os vereadores dizem apenas que estavam em “compromissos políticos inadiáveis” ou em “compromisso particular”, sem detalhes. O vereador Tiago Gevert (PSC), por exemplo, justificou uma ausência dizendo que estava tratando “do interesse da população”. Sabino Picolo (DEM) disse em três ocasiões que estava em “atividades inerentes ao mandato”, sem especificá-las.

Mauro Ignácio (PSB) relatou não estar em plenário por estar atendendo a empresários do setor de cachorro-quente. Geovane Fernandes (PTB) justificou uma falta dizendo estar na missa. Todas foram aprovadas. Apenas três justificativas continuam esperando aprovação da Câmara, segundo informações do site oficial, por terem sido apresentadas perto do fim do ano.

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