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Doze dos 34 vereadores da Câmara Municipal de Guarulhos, na Grande São Paulo, são suspeitos de integrar um esquema de fraudes e uso de notas fiscais frias para desviar dinheiro público. Na sexta-feira (16), promotores e policiais cumpriram mandados de busca e apreensão nas casas e nos gabinetes deles. As investigações mostram que parlamentares se apropriaram de pelo menos R$ 584 mil entre 2005 e 2006.

O esquema girava em torno de três papelarias, contratadas pelos vereadores para fornecer material de escritório e selos postais. Apesar de as notas indicarem a prestação do serviço, o dono de um dos estabelecimentos, Henri Diskin, confessou aos promotores ter clonado o sistema dos Correios. Assim, conseguia emitir selos de seu computador pessoal. Nas notas, porém, constava como se ele os tivesse adquirido numa agência dos Correios em Cidades Tiradentes, na zona leste da capital. Uma testemunha afirma que Diskin adquiriu a papelaria para justamente participar do desvio. O comerciante cobrava dos vereadores 10% sobre o valor de cada nota.

O documento frio era usado pelos parlamentares para solicitar a chamada verba de gabinete - quantia de até R$ 5 mil a que tinham direito para custear gastos com material de escritório e despesas postais. O recurso foi cortado em 2007.

Entre os alvos da blitz estava o vereador Alan Neto. Presidente da Câmara, ele é candidato a deputado estadual pelo PSC. Na casa do vereador Ricardo Rui (PPS) foram encontrados uma pistola calibre 22, sem licença, e dezenas de cartuchos. Ele só não foi preso em flagrante porque estava fora de casa. Ao todo, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão - além dos 12 vereadores, estavam na mira da operação três ex-parlamentares, o dono da papelaria e dois vereadores que se licenciaram para ocupar cargos no Executivo Municipal.

O principal objetivo dos promotores era recolher os originais das notas fiscais e dos requerimentos de reembolso. "Diante da insistente recusa do Legislativo em fornecer a documentação, foi necessária a medida judicial", assinala a promotora Aline Jurca Zavaglia, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

A Câmara classificou como "natural" a investigação, já que se trata de "rotina daqueles que administram o erário".

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