• Carregando...
 |
| Foto:

Dê sua opinião

Como você avalia a postura dos vereadores que apoiavam João Claudio Derosso e que mudaram de lado com o avanço das investigações?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

Numa legislatura marcada por escândalos e denúncias, o caso que mais chamou a atenção na Câmara Municipal de Curitiba nos últimos quatro anos foi o que levou à queda de João Claudio Derosso (sem partido) da presidência da Casa, em fevereiro deste ano. Ele continuou atuando como vereador até julho, quando perdeu o mandato. Um balanço feito pela Gazeta do Povo, com base no posicionamento dos vereadores, mostra que muitos deles mudaram de lado ao longo do escândalo, que veio à tona em julho de 2011.

Hoje, 35 dos 38 vereadores de Curitiba disputam a reeleição. Por isso, o eleitor indeciso ainda pode ver como cada um se portou no caso. Durante os 11 meses que marcaram o declínio de Derosso, – desde o início das investigações até a saída definitiva do Legislativo –, ele continuou convivendo com seus colegas e, por algum tempo, continuou exercendo forte influência sobre eles.

Em pelo menos cinco ocasiões diferentes é possível ver como os parlamentares reagiram ao andamento das investigações contra o ex-parlamentar. É possível saber, por exemplo, quem foi favorável à instalação de uma comissão para investigar as denúncias desde o começo e quem só aderiu depois; e os registros permitem saber, também, quais vereadores foram contra o afastamento definitivo de Derosso da presidência mesmo quando a maioria já o queria fora do posto.

O quadro ao lado mostra que, por um lado, a bancada de oposição foi mais coerente em seus posicionamentos. Desde o início, os vereadores da oposição foram a favor de investigação do caso e do afastamento do presidente. Na bancada de situação, por outro lado, o que se percebe é uma mudança de posição dos vereadores. A maior parte começa defendendo Derosso ou evitando se posicionar. Só quando os fatos são inevitáveis eles aderem à CPI, em um primeiro momento, e depois ao pedido de afastamento.

De acordo com o professor Carlos Strapazzon, especialista em Direito Cons­­titucional, tanto em um caso como no outro, os vereadores agiram de acordo com estratégias racionais. "O objetivo principal de um político profissional é se manter no poder. Se o vereador pode fazer isso ficando do lado do presidente da Casa, ótimo. Em algum momento, porém, ele pode perceber que o melhor é se afastar do denunciado", afirma.

O mesmo serve para a oposição. "A diferença é que, no caso dos oposicionistas, o discurso deles converge com o movimento da população. Mas é um discurso que, em outro momento, dependendo de quem estiver no poder, pode ser invertido", diz.

Denúncias

João Claudio Derosso presidiu a Câmara Municipal por 15 anos. Eleito para o posto em 1997, foi reeleito sete vezes. Em julho de 2011, o Tribunal de Contas passou a investigar contratos de publicidade da Câmara. Descobriu-se que a jornalista Cláudia Queiroz Guedes, que após a licitação passou a ter um relacionamento romântico com Derosso, era a proprietária de uma das agências selecionadas para atender a Câmara.

Derosso foi investigado pelo Conselho de Ética da Câmara, que decidiu não aplicar punições. Mais tarde, em agosto, foi criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso. Também não houve punições. Só em novembro, quando o Ministério Público pediu judicialmente o afastamento da presidência, Derosso deixou o cargo temporariamente.

Em fevereiro deste ano, Derosso solicitou mais 90 dias de licença. No entanto, logo a seguir, os vereadores decidiram retirá-lo em definitivo do cargo. Ainda em decorrência das denúncias, o PSDB marcou uma reunião para expulsar o vereador do partido. Derosso se antecipou e deixou a sigla, ficando inelegível. A suplente Maria Goretti (PSDB) reclamou seu cargo na Justiça alegando que ele havia rompido com a fidelidade partidária e acabou o tirando da Câmara.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]