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O deputado André Vargas (PT-PR) é vice-presidente da Câmara | Luis Macedo / Câmara dos Deputados
O deputado André Vargas (PT-PR) é vice-presidente da Câmara| Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados

Consultoria de doleiro movimentou R$ 90 mi

A Polícia Federal (PF) descobriu que uma empresa de "consultoria" controlada pelo doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, movimentou quase R$ 90 milhões entre 2009 e 2013

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O vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), viajou em um avião emprestado pelo doleiro Alberto Youssef, alvo principal da Operação Lava- Jato, da Polícia Federal (PF), que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. A informação foi publicada na edição desta terça-feira (1º) do jornal Folha de S. Paulo, que afirma que o caso é apurado pela PF.

Conforme a reportagem, Vargas viajou no início de janeiro a João Pessoa (PB) em um avião de prefixo PR-BFM, emprestado pelo doleiro. Não fica claro se o aeronave pertence a Youssef.

O jornal informa também que o deputado e o doleiro discutiram em 2 de janeiro o empréstimo da aeronave, em mensagens de texto trocadas por telefone celular, por meio de um aplicativo chamado "BBM". "Tudo certo para amanhã" e "Boa viagem se (sic) boas férias", escreveu o doleiro, conforme afirma o periódico.

Em entrevista à Folha, Vargas afirmou que conhece Youssef há mais de 20 anos e diz que tomou o avião emprestado porque voos comerciais estariam caros demais. O deputado acrescenta que pagou o combustível da viagem.

Ainda em depoimento ao jornal, o deputado disse que o empréstimo foi uma "imprudência", mas ressaltou não ter conhecimento de que a aeronave pertencia ao doleiro e garantiu não ter relação com os crimes que, eventualmente, Youssef possa ter cometido.

Outra conversa

A reportagem também afirma que a Polícia Federal está em posse de outra conversa entre André Vargas e Alberto Youssef, na qual ambos teriam tratado de um assunto relacionado à empresa Labogen, envolvida em suposto esquema de desvio de recursos públicos do Ministério da Saúde.

No fim da tarde, Vargas respondeu questionamento da reportagem da Gazeta do Povo através de uma nota. Ele disse que conhece "Youseff há mais de 20 anos, como um importante empresário de Londrina. Temos relações sociais apenas, esporádicas. Procurei-o sabendo que ele havia sido dono de um hangar, e conhecia o meio. Foi a primeira vez que tratei com ele sobre assunto semelhante. Procurei reembolsar as despesas com combustível, em torno de R$ 20 mil, mas ele não aceitou. Farei um pronunciamento no Plenário amanhã (quarta) e estou à disposição da Câmara para esclarecer qualquer dúvida. Não sou alvo de investigação".

Oposição quer que Vargas se explique sobre vôo em avião de doleiro

A oposição da Câmara espera que o vice-presidente da Casa, André Vargas (PT-PR), se explique no Conselho de Ética sobre o uso de um avião emprestado pelo doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Para o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), Vargas precisa ir ao plenário da Casa e ao Conselho de Ética prestar esclarecimentos. "Eu acho que há de se esperar uma declaração pública, inclusive em plenário, sobre a matéria veiculada, e até a sua iniciativa pessoal de prestar contas ao Conselho de Ética da Câmara. Até porque as denúncias envolvem um personagem que está envolvido diretamente com crimes apurados pela Polícia", disse.

No mesmo sentido, o líder do Solidariedade, Fernando Francischini (SDD-PR) cobrou de Vargas uma explicação pública. Apesar da pressão, a oposição descarta, por enquanto, apresentar uma representação contra o vice-presidente, o que poderia desencadear um processo de investigação interna e até a abertura de um processo de cassação de mandato.

O líder do PT, Vicentinho (SP), minimizou a questão e disse que PT confia em Vargas. "A nossa primeira ação é de respeito e confiança absoluta no nosso colega deputado André Vargas até que provem o contrário. Nos solidarizamos neste primeiro momento. Mas vamos ouvi-lo primeiro e a outras pessoas para que a verdade venha à tona", disse.

O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que ainda não teve oportunidade para conversar com Vargas sobre o caso, mas disse que irá fazê-lo. No entanto, ele não quis comentar o conteúdo da denúncia. A viagem feita por Vargas a João Pessoa, na Paraíba, foi discutida em uma conversa entre os dois por um serviço de mensagem de texto, no dia 2 de janeiro, segundo documentos da investigação da PF aos quais a reportagem teve acesso.

De acordo com a troca de mensagens de um aplicativo chamado "BBM", Youssef agendou voo em jato particular para Vargas às 6h30 em avião de prefixo PR-BFM. "Tudo certo para amanhã", diz mensagem originada pelo celular do doleiro. Não fica claro se o avião pertence a ele. "Boa viagem se (sic) boas férias", acrescenta. Procurado pela reportagem, Vargas disse que conhece o doleiro há mais de 20 anos e que pediu o avião porque voos comerciais estavam muito caros no período, mas que pagou o combustível. "Não sei se o avião é dele, ele foi dono de hangar e eu perguntei se ele conhecia alguém com avião", disse o petista. Apesar disso, Vargas diz ter cometido uma "imprudência". "Eu não sabia com quem eu estava me relacionando. Não tenho nenhuma relação com os crimes que ele eventualmente cometeu."

O petista integra a ala do partido mais ligada ao ex-presidente Lula e se destacou nos últimos meses pela defesa dos colegas condenados no processo do mensalão.A operação da PF apura um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões em operações suspeitas.

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