• Carregando...

Pela segunda vez em seis anos, um racha no PT vai dar a um deputado oriundo do baixo clero a presidência da Câmara dos Deputados. Na terça-feira, o ex-metalúrgico gaúcho Marco Maia (PT) deverá ser eleito com mais de 400 votos, segundo líderes partidários.

Contudo, ao contrário do azarão do baixo clero Severino Cavalcanti (PP-PE), que em 2005 venceu dois candidatos petistas no plenário, o racha no PT que beneficiou Maia ocorreu no processo de escolha do candidato. Uma vez escolhido, ele passou a contar com o apoio dos 21 partidos que têm representação na Câmara.

Marco Maia conseguiu ser o candidato único da base aliada e da oposição porque teve paciência e tirou proveito das eternas brigas entre as correntes do PT. Sabia que era uma zebra, pois o favorito era o líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP).

Sabia também que havia excesso de confiança por parte de Vaccarezza. Tanto é que, pouco antes da reunião decisiva que escolheu Maia, o líder do governo tivera um encontro com seu colega do PMDB, Henrique Eduardo Alves, para assegurar mais uma vez que valia o acordo: agora, o presidente da Câmara seria do PT; daqui a dois anos, entraria um peemedebista.

Vaccarezza chegou a dizer a Alves que, na disputa interna, Maia teria de 15 a 17 votos, Arlindo Chinaglia (SP), cerca de 10, e ele, em torno de 30. O resultado levaria ao segundo turno. Vaccarezza confidenciou ao peemedebista que metade dos votos de Chinaglia iria para ele e metade para Maia. Eram favas contadas.

Ocorre que a Chinaglia juntaram-se os deputados Ricardo Berzoini (SP), ex-presidente do PT, descontente com as nomeações para o ministério de Dilma Rousseff, e Henrique Fontana (RS), adversários de Vaccarezza. Eles mandaram descarregar os votos em Marco Maia, que venceu e se sagrou o candidato. Henrique Alves encarregou-se então de procurar os partidos de oposição – PSDB- DEM e PPS – e garantir o apoio deles ao candidato.

Perfil

Aos 45 anos, Maia é um político para o qual a sorte sorri. Era suplente de deputado em 2005, quando assumiu a vaga do titular Ary Vanazzi (PT-RS). Em 2006 reelegeu-se e logo foi escolhido relator da CPI do Apagão Aéreo. Fez um relatório meio em cima do muro, em que livrou toda a diretoria da Anac de qualquer culpa pelo caos aéreo.

Em 2007, o PT fechou um acordo com o PMDB para fazer um rodízio na presidência da Câmara. Naquele ano, o eleito foi Chinaglia; e, em 2009, o hoje vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB). Quando a chapa de Temer foi montada, Maia apareceu como candidato a vice. Foi eleito no acordo firmado entre os partidos.

Como Temer era um presidente muito ocupado, ele presidiu muitas sessões. Apareceu muito na TV Câmara. Aprendeu até a imitar o sotaque de Temer. Em 17 de dezembro, já eleito vice-presidente da República, Temer renunciou ao mandato de deputado e Maia assumiu o seu lugar. Mas, para evitar falatórios, permaneceu em seu gabinete de vice. Só vai se mudar para o de presidente depois que for eleito.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]