Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Finanças estaduais

Votos iguais, discursos opostos

Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprova empréstimo de R$ 144 milhões para o governo do Paraná, em sessão marcada pelo clima de embate eleitoral entre Gleisi e Alvaro

Gleisi Hoffmann (PT-PR), senadora; Alvaro Dias (PSDB-PR), senador | Geraldo Magela/Ag. Senado
Gleisi Hoffmann (PT-PR), senadora; Alvaro Dias (PSDB-PR), senador (Foto: Geraldo Magela/Ag. Senado)

Por unanimidade, a Co­missão de Assuntos Eco­nômicos (CAE) do Senado aprovou ontem projeto de resolução que garante aval da União para empréstimo de US$ 60 milhões (R$ 144 milhões) do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o governo do Paraná. Os recursos serão utilizados para ações do programa Família Paranaense, da área de assistência social. A proposta deve ser apreciada hoje pelo plenário e, se aprovada, precisa de uma última análise da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, antes da formalização do contrato.

INFOGRÁFICO: Veja quais são os empréstimos negociados pelo governo

A operação contou com voto favorável dos senadores paranaenses Alvaro Dias (PSDB) e Gleisi Hoffmann (PT). Terceiro representante do estado, Roberto Requião (PMDB) estava no Uruguai participando de reunião do Parlamento do Mercosul.

Apesar da aprovação, a discussão foi marcada pelo embate entre Alvaro e Gleisi. Pré-candidata ao Palácio do Iguaçu, a petista foi a primeira a falar na CAE e adiantou voto a favor da proposta e do requerimento de urgência para agilizar a apreciação em plenário. A senadora, no entanto, aproveitou o tema para fazer uma série de considerações sobre as dificuldades financeiras da gestão Beto Richa (PSDB).

"Há uma acusação leviana de que o Paraná estaria sendo discriminado pelo governo federal, não recebendo aportes de recursos e que haveria uma ação deliberada para impedir as operações de crédito para auxiliar as finanças do nosso estado. Nós sabemos que qualquer financiamento precisa seguir o que diz a legislação, que infelizmente não foi respeitada pelo governo do estado", disse Gleisi, na CAE. "A verdade é que nosso estado nunca viveu uma situação como a atual: ameaça de não pagar 13.º salário, atraso de pagamento a fornecedores, rombo nas contas públicas de aproximadamente R$ 2 bilhões."

De acordo com a petista, o gasto com custeio da administração estadual aumentou 122% em três anos, o que teria minado a capacidade de investimento do estado e gerado a necessidade de se fazer empréstimos. "Para mudar o foco da má gestão, foi criada a falsa polêmica de que eram os atrasos nas operações de créditos que estavam inviabilizando a gestão." Gleisi citou que, nos últimos dez anos, os empréstimos corresponderam a apenas 1,4% da receita geral do estado.

Colega de partido de Ri­cha e candidato à reeleição no Senado, Alvaro disse que não faria da comissão "palanque eleitoral", mas contestou as declarações de Gleisi. "Realmente o Paraná tem sido tratado de forma diferente se comparado a outros estados no que se refere à concessão de empréstimos", disse. "Eu tenho ouvido depoimentos da secretária de Fazenda do Paraná, do secretário de Planejamento, do Tribunal de Contas do Estado, do go­vernador, de que o estado cumpre sim a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas não só eles, a Secretaria do Tesouro Nacional também atesta essas condições."

Alvaro também citou problemas com a liberação de outra linha de crédito, do Programa de Apoio a Investimento dos Estados e do Distrito Federal (Proinveste). Único estado que ainda não recebeu recursos do programa, o Paraná conseguiu na semana passada acesso a R$ 817 milhões graças a uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão pode ser estendida a outros empréstimos, como o de US$ 60 milhões do BID.

Financiamento para a obra do metrô é o próximo da lista

O governo do Paraná vai começar as negociações para obter um financiamento de R$ 700 milhões para colaborar com a obra do metrô de Curitiba. A negociação faz parte de um acordo costurado em outubro do ano passado entre a prefeitura e o estado. O valor total da obra é de R$ 4,568 bilhões.

"Era uma determinação do governador só começarmos a tratar do metrô depois do acerto final do Proinveste [empréstimo de R$ 817 milhões que foi liberado na semana passada por meio de decisão do Supremo Tribunal Federal]", disse a secretária estadual da Fazenda, Jozélia Nogueira. Ainda não está definido se os recursos do metrô serão negociados com a Caixa Econômica Federal ou com o Banco Nacional de Desenvolvimento Eco­nômico e Social (BNDES).

Outro empréstimo em fase inicial de negociação com o BNDES envolve R$ 250 milhões que serão destinados ao Fundo de Desenvolvimento Estadual (FDE). Desse valor, R$ 65 milhões serão repassados pela Fomento Paraná ao Atlético para o término da Arena da Baixada.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.