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Políticos que perderam as eleições transferem para outro os votos que receberam? A pergunta vale tanto para Ratinho Jr. quanto para Gustavo Fruet, os dois que deixaram para trás os adversários Rafael Greca e Luciano Ducci e que agora disputam o segundo turno da eleição de prefeito de Curitiba. Ratinho Jr. recebeu ontem o apoio de Greca; Gustavo, de Rubens Bueno, que era vice de Ducci.

O inflamado discurso de Rafael Greca em favor de Ratinho – aliás, desdizendo muito do que dizia do neoaliado na campanha do primeiro turno – que peso pode ter para melhorar a votação do candidato que passou a apoiar? Nesse caso específico, principalmente levando-se em conta que a grande maioria dos 100 mil votos que obteve vieram de eleitores do mesmo estrato dos simpatizantes de Fruet, o mais lógico é imaginar que Greca pregou para o deserto. As redes sociais se encarregaram, ontem mesmo, de reagir pesadamente contra a decisão de Rafael. A favor de Ratinho, conta, porém, o fato de que, com Greca a seu lado, ele praticamente fecha em torno de si quase toda a nata do PMDB curitibano.

E com quantos votos Rubens Bueno vai contribuir para Gustavo Fruet? Após terem sido preteridos nomes com maior densidade eleitoral em Curitiba, como os deputados Ney Leprevost e Mauro Moraes, Bueno foi o escolhido para ser o vice na chapa de Luciano. A expectativa era de que a simples menção a seu nome e ao prestígio de que goza como líder oposicionista em Brasília, fosse decisiva para reeleger o prefeito e impregnar a chapa com a marca da coerência – atributo que pesava contra Gustavo e sua aliança com o PT. Agora, no segundo turno, Bueno se alia a quem está junto com o PT.

Olho vivo

Fica? 1

Na edição do último domingo, a coluna errou ao afirmar já ter sido construída a micro-hidrelétrica "Enxadrista" numa propriedade da família do secretário do Meio Ambiente, Jonel Iurk. Não, a "Enxadrista" ainda está à espera de licenciamentos ambientais de responsabilidade do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), organismo vinculado à pasta dirigida por Iurk. O projeto dessa central geradora é da empresa Titanium Engenharia, cujos diretores são filhos do secretário.

Fica? 2

São da Titanium também pelo menos outros cinco projetos de CGHs (Centrais Geradoras de Hidroeletricidade) que, no momento, estão sob análise do Grupo Especial de Licenciamentos Ambientais (Gela), criado no ano passado para, seguindo recomendação de Beto Richa, acelerar os processos acumulados no IAP durante o governo Requião. Um cruzamento das informações do próprio Gela com o portfólio de obras da Titanium, disponíveis nos sites de ambos, indica que são da mesma fonte os projetos das CGHs Evo, Benedito, Alto Alegre, Água Benta e Água Santa.

Fica? 3

O secretário Jonel Iurk deveria ter comparecido ontem à Assembleia para prestar esclarecimentos sobre o suposto tráfico de influência, pelo qual empreendimentos empresariais ligados à sua família gozariam de privilégios dos órgãos oficiais que concedem as licenças. Iurk não compareceu. Apenas enviou uma nota, lida pelo líder do governo, que deixou várias lacunas. Mesmo assim, o pedido de informações que o deputado Tadeu Veneri pretendia endereçar ao governo foi rejeitado pela maioria dos deputados.

Fica? 4

Em razão da rejeição do requerimento, a bruma de desconfianças só tende a se aprofundar e, por consequência, a tornar insustentável a permanência de Iurk à frente da secretaria. A menos que o governador não se preocupe em, futuramente, figurar como co-responsável pela eventual irregularidade – de ordem moral, principalmente – de manter em seus quadros agentes públicos com interesses privados na mesma área. A pergunta que se faz é: Jonel Iurk fica?

Suspende?

Seria de todo recomendável que o prefeito Luciano Ducci mandasse paralisar imediatamente o processo de licitação para o metrô. Já que ele não continuará à frente da administração municipal por mais quatro anos – como pretendia –, daria uma demonstração de grandeza ao não deixar para seu sucessor, como fato consumado, um projeto com o qual nem Gustavo Fruet nem Ratinho Jr. concordam. Ambos colocam defeitos no projeto aprovado por Ducci, pouco discutido nas entidades técnicas, e gostariam de fazê-lo diferente. O mesmo raciocínio vale para a Ponte Estaiada de R$ 98 milhões, cujas obras estão apenas no início.

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