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 | Jonathan Campos / Gazeta do Povo
| Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo

Psicologia

Busca por plástica sem limites pode ser transtorno

O impacto da aparência nos relacionamentos interpessoais é um dos principais motivos que levam as pessoas a buscarem cirurgias plásticas estéticas, segundo Maria Cristina Miyakagi, coordenadora do mestrado em Psicologia e Saúde da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. Porém, quando a preocupação surge de um defeito imaginário ou mínimo, ou ainda se gera um sofrimento significativo com prejuízo à vida do paciente (deixar de sair, trabalhar, fazer as coisas que gosta) isso pode ser um sinal de que a cirurgia plástica não é a solução. "A busca excessiva por procedimentos pode ocorrer em caso de transtornos mentais, como o Transtorno Dismórfico Corporal, o que cirurgião deve saber identificar", explica.

Mulheres masculinizadas e homens afeminados. A análise da tendência que as cirurgias e intervenções plásticas têm tomado hoje é do cirurgião e apresentador de programas sobre cirurgia plástica no Brasil e nos Estados Unidos, Robert Rey. Conhecido como Dr. Rey, o médico conversou com a Gazeta do Povo sobre mudanças nas cirurgias da "moda", a falta de limite das intervenções cirúrgicas e os novos modelos de beleza feminina e masculina.

Há diferenças entre as plásticas solicitadas por norte-americanas e brasileiras?

Antes, com a Marylin Monroe como modelo, havia muito pedido de nariz e seios – uma tendência americana. Na última década, o padrão brasileiro se destacou e tornou-se comum pedir o levantamento de bumbum. Os pedidos por seio são mais aqueles em formato de gota, delicados, menorezinhos. Como o bumbum perde volume no mesmo ritmo que o seio, utilizamos células-tronco no bumbum. Sem incisão, sem cicatriz. Antes era colocada gordura, mas em seis meses virava óleo, era absorvida e lá se ia todo o trabalho. Agora não: as células-tronco se transformam em músculo. Outra cirurgia popular é a de áreas íntimas.

O futuro será de práticas menos invasivas?As cirurgias em geral, não só as plásticas, vão buscar formas menos invasivas. Hoje se usa bastante laser, ondas elétricas, ondas de rádio e câmaras hiperbáricas. Até mesmo robôs são usados na cirurgia. Não há cicatriz quando é feito um implante de seio com robô.

O limite da cirurgia plástica é até atingir a harmonia ou existe algo mais?

Existem as loucuras. Transplante de rosto, escolher geneticamente a criança que irá nascer, transplante de pênis. É possível fazer a pessoa ficar parecida com outra, mas há implicações éticas. Porém, a ciência sempre anda na frente da ética. Realisticamente, a economia do mundo também direciona as cirurgias: há cinco anos, com a economia boa, uma pessoa fazia 13 operações em diferentes partes do corpo. Hoje são duas ou três bem escolhidas.

Para que caminho a cirurgia plástica seguirá?

A direção que a cirurgia plástica está tomando é muito interessante. A beleza feminina está encaminhando ao modelo andrógino. São mulheres cada vez mais parecidas com homens. Mais altas, magras, com mais tônus muscular, mandíbula quadrada. A mulher virou um "homem lindo". A mulher representada na pintura O Nascimento de Vênus, de Botticelli, gordinha, baixinha, não é mais o modelo. Já os homens seguem na direção contrária, mais magros também, mas mais femininos. É só ver a moda masculina atual, ver como eu me visto!

Como são as intervenções estéticas na terceira idade?

Hoje, ficar com uma aparência envelhecida tornou-se uma escolha. O idoso pode fazer laser. Há um ano chegou o vênus freeze, ou congelamento de vênus, que é excelente para o papo. Também há muitos cremes e tratamento hiperbárico.

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