Saúde e Bem-Estar

Julliana Bauer, especial para Gazeta do Povo

Agasalho e vacina da gripe são aliados pouco conhecidos contra infartos

Julliana Bauer, especial para Gazeta do Povo
20/07/2019 08:00
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No inverno, o risco de infarto aumenta em 30% e o perigo fica ainda maior quando os termômetros registram números abaixo de 14 graus C. Foto: Bigstock.

O que você faz para se manter aquecido no inverno? Beber algumas taças de vinho, ingerir algo calórico — fondue, chocolate quente, massas com molhos pesados — e manter portas e janelas bem fechadas?
Essas são práticas comuns para manter o corpo aquecido, mas podem ser altamente prejudiciais para a saúde do coração. Isso porque além de gripes e resfriados, a estação também traz um aumento nas ocorrências de doenças cardíacas.
Segundo dados do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no inverno, o risco de infarto aumenta em 30% — e o perigo fica ainda maior quando os termômetros registram números abaixo de 14 graus C. De acordo com Mario Sergio Cerci, médico cardiologista do Hospital Vita, isso acontece porque nosso corpo precisa trabalhar ainda mais para se manter aquecido.

“O ser humano precisa se manter em uma temperatura de pelo menos 36 graus C, e temos visto temperaturas negativas no Paraná. Para quem já tem propensão a ter um infarto, não manter-se suficientemente aquecido nesses dias pode ser a gota d’água para que ele ocorra”, explica.

Cerci afirma que agasalhar-se bem é essencial para evitar o problema, e que a recomendação é válida não apenas para quando estamos em casa, em repouso, mas para quando nos exercitamos também.
“Quem faz exercícios ao ar livre precisa estar bem protegido, nada de sair correr de manhã cedo em um frio de 4 graus C vestindo camiseta e shorts curtos”, aconselha.
O cardiologista reforça que a prática regular de exercícios é essencial para manter a saúde do coração — desde que feita de forma correta. Além de roupas adequadas, é preciso fazer uma avaliação física antes de iniciar um novo esporte ou atividade física — e que a recomendação é válida para todas as faixas etárias.
O cardiologista acrescenta ainda que apelar para bebidas alcoólicas e pratos gordurosos com a desculpa de esquentar o corpo também pode ser uma péssima ideia, principalmente para pessoas que já apresentam fatores de risco para infartos, como diabete, pressão alta e colesterol elevado. 

Tiro no pé

O especialista alerta para que não se peque pelo excesso. Fechar todas as janelas em ambientes com grande circulação de pessoas — no ônibus ou escritório, por exemplo — pode ser ainda mais perigoso, uma vez que expõe as pessoas a possíveis vírus e bactérias causadores de gripes e resfriados.
A saída é sempre deixar permitir que o ar circule. O médico geriatra Rodolfo Pedrão concorda, e recomenda uma aliada pouco conhecida quando o assunto é a luta contra os infartos: a vacina da gripe.

“O aumento de doenças respiratórias ao longo dos meses mais gelados também causa danos ao sistema cardiovascular, podendo levar ao infarto, e por isso a imunização contra a gripe é uma importante aliada”, afirma. 

Terceira idade é mais suscetível
Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia mostram que as doenças cardíacas chegam a atingir, por ano, mais de 300 mil vítimas no país — e que os homens acima de 60 anos lideram o grupo de risco. As mulheres ficam mais suscetíveis a infartos após a menopausa, mas também devem cuidar da saúde do coração ao longo de toda a vida.
“Após a faixa etária dos 70 anos, são elas que lideram as estatísticas dos infartos, mas isso também é relacionado à diferença entre a longevidade de homens e mulheres”, destaca Cerci.
Pedrão explica que é preciso redobrar os cuidados com os idosos, que têm uma tendência a não perceber as alterações de temperatura da mesma forma que uma pessoa mais jovem, ficando mais suscetíveis à hipotermia.

“É importante que o idoso se mantenha ativo, faça atividades físicas, porque isso deixa seu corpo mais preparado para as agressões do inverno”, recomenda. Manter a hidratação também é essencial. “Sem água o suficiente, o sangue engrossa, e circula mais lentamente no corpo”, alerta. 

Atenção aos sintomas
O principal sintoma de um infarto é dor ou desconforto na região peitoral – semelhante a uma sensação de peso na região – que  pode irradiar para o braço esquerdo e, às vezes, para o braço direito também. Outros indícios são palidez, transpiração excessiva e sensação de morte iminente.
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