Saúde e Bem-Estar

The Washington Post, por Lena H. Sun

Primeira morte associada a cigarro eletrônico é relatada nos EUA

The Washington Post, por Lena H. Sun
23/08/2019 20:21
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Autoridades de Illinois, nos Estados Unidos, disseram que a vítima foi hospitalizada com doença pulmonar grave. Foto: Bigstock.

Autoridades do estado de Illinois disseram nesta sexta-feira (23) que uma pessoa que usou recentemente um cigarro eletrônico e foi hospitalizada com doença pulmonar grave morreu.
A morte parece ser a primeira entre uma série de doenças pulmonares misteriosas ligadas aos dispositivos agora sob investigação por autoridades de saúde estaduais e federais — pelo menos 193 casos em 22 estados, muitos em adolescentes e adultos jovens, de acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.
Relatos do número de pessoas hospitalizadas por doenças pulmonares relacionadas ao também chamado vaping duplicaram na semana passada, disseram autoridades de Illinois em um comunicado.
Pelo menos 22 pessoas, com idades entre 17 e 38 anos, sofreram de doenças respiratórias após usarem e-cigarros ou vaping.
Autoridades estaduais estão trabalhando com departamentos locais de saúde para investigar outros 12 casos de danos à saúde.

Os indivíduos afetados tiveram sintomas como tosse, falta de ar e fadiga. Alguns também experimentaram vômitos e diarreia. Os sintomas pioraram ao longo de um período de dias ou semanas antes de serem hospitalizados.

Autoridades de Illinois disseram que a morte foi em um adulto que morreu este mês, mas não forneceu mais detalhes sobre a pessoa ou qual dispositivo ou produto foi usado.
Embora alguns dos casos pareçam semelhantes, as autoridades disseram que não sabem se as doenças estão associadas aos próprios dispositivos de cigarros eletrônicos ou a ingredientes ou contaminantes específicos inalados através deles. Os usuários disseram ter utilizado uma variedade de substâncias, incluindo nicotina, produtos à base de maconha e “home-brews” do tipo “faça você mesmo”.
Em muitos casos relatados em todo o país, incluindo em Illinois, os pacientes reconheceram o uso de produtos que contêm THC, o principal ativo da maconha, disseram autoridades. Mas nenhum produto específico foi identificado em todos os casos, e nenhum produto foi conclusivamente ligado a doenças.

Embora os casos pareçam semelhantes, não está claro se todos esses casos têm uma causa comum ou se são doenças diferentes com sintomas semelhantes.

Autoridades afirmaram ainda não saberem por que uma onda de doenças está surgindo agora, já que várias formas de dispositivos movidos a bateria e-cigarros existem há mais de uma década.
Brian King, do escritório do CDC para Tabagismo e Saúde, disse que casos poderiam estar ocorrendo anteriormente, “mas não estávamos necessariamente conseguindo levantá-los”.

As substâncias do aerossol utilizadas nos e-cigarros podem conter ingredientes potencialmente prejudiciais à saúde do pulmão, disse ele. Eles incluem partículas ultrafinas e aromatizantes, como o diacetil, que tem sido associado a doenças respiratórias.

Mitch Zeller, que dirige o Centro de Produtos de Tabaco da Food and Drug Administration (FDA), disse que a agência está trabalhando para identificar os produtos usados, onde foram comprados, como foram usados ​​e se outros compostos foram adicionados.
“Essa informação precisa ser reunida para cada um desses casos para ver se surgem padrões”, disse ele.
As autoridades de saúde dizem que as pessoas que experimentarem qualquer tipo de dor no peito ou dificuldade para respirar após utilizar o cigarro eletrônico nas semanas ou meses anteriores a esses sintomas devem procurar atendimento médico imediato.
Os profissionais de saúde que cuidam de pacientes com doenças respiratórias inesperadas devem perguntar sobre o histórico de uso de vaping ou e-cigarros, disseram autoridades.
Os cigarros eletrônicos têm crescido em popularidade na última década, apesar de pouca pesquisa sobre seus efeitos a longo prazo. Nos últimos anos, autoridades de saúde alertaram para uma epidemia de uso desses cigarros por adolescentes.
Milhões de norte-americanos os usam, com o maior uso entre os jovens adultos. Em 2018, mais de 3,6 milhões de estudantes do ensino fundamental e médio dos EUA disseram ter usado e-cigarros nos últimos 30 dias, de acordo com o CDC.
A marca líder, a Juul, disse que está monitorando os relatos de doenças e que possui “sistemas robustos de monitoramento de segurança”.
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