Saúde e Bem-Estar

Roger Pereira, especial para a Gazeta do Povo

Comer como os nórdicos é nova promessa para não ganhar peso

Roger Pereira, especial para a Gazeta do Povo
16/09/2019 08:00
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Na Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia fazem parte do cardápio alimentos como peixes de água fria, frutas vermelhas, centeio, aveia, cevada, repolho, vegetais de raiz, laticínios com baixo teor de gordura e óleo de canola. Foto: Bigstock.

A excelente qualidade de vida dos habitantes do norte da Europa também está ligada a seus hábitos alimentares.
A Organização Mundial de Saúde identificou que as baixas taxas de câncer, diabete e problemas cardiovasculares na região têm relação com a alimentação indicada tanto na já conhecida dieta mediterrânea quanto na dieta nórdica, que tem chamado atenção recentemente.
Embora as duas dietas sejam semelhantes, a nórdica inclui alimentos mais comuns no dia a dia
dos países do norte europeu.

Na Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia fazem parte do cardápio alimentos como peixes de água fria, frutas vermelhas, centeio, aveia, cevada, repolho, vegetais de raiz, laticínios com baixo teor de gordura e óleo de canola.

Mas será que vale a pena adotar hábitos escandinavos para melhorar a qualidade de vida no Brasil?
“Em medicina preventiva, jamais recomendaremos alguma dieta pronta. A alimentação precisa ser individualizada e cada pessoa tem necessidade de tipos de alimentos em quantidades diferentes”, observa a médica Loana Heuko Valiati, especialista em motilidade gastrointestinal, fisiologia, adequação nutricional e metabolismo.
Ela ressalta, ainda, dois pontos da dieta que, para ela, faz com que a nórdica seja menos recomendada do que a mediterrânea: o consumo de leite sem restrições e a utilização de óleo de canola.

“Eles usam o óleo de canola por não terem acesso a azeites naturais. Mas o óleo de canola sequer vem de uma planta, é um óleo produzido para fim industrial, então não é recomendado. As melhores opções são, para pratos frios, o azeite de oliva e, para quentes, o óleo de coco ou a banha de porco”, diz.

Sobre o leite, a médica acrescenta que a lactose pode causar uma série de complicações alérgicas e inflamatórias a uma parcela considerável da população.

O que dá para copiar deles

Para ela, um exemplo que o brasileiro pode tirar da dieta nórdica é a escolha das frutas.

“Acabamos consumindo, no Brasil, frutas com alto índice glicêmico, como banana, abacaxi, mamão, laranja e uva. Na dieta nórdica, eles privilegiam as frutas vermelhas. Essa é uma substituição que seria bem-vinda na dieta do brasileiro. E nem precisa ser amora, cranberry ou blueberry, que aqui são muito caras. Frutas como morango, melancia e kiwi também possuem baixo índice glicêmico”, aponta.

A nutricionista Christiane Vitola ressalta que muito mais importante do que os alimentos recomendados na dieta nórdica, são os conceitos que também fazem parte da rotina alimentar desses países, que incluem a valorização dos produtos locais, o incentivo à alimentação feita em casa e o consumo de produtos da estação.
“É isso que devemos incorporar: o valor de cozinhar, consumir alimentos de verdade, evitar os industrializados, priorizar os alimentos da estação. Nós também temos, aqui, e em abundância, excelentes alimentos e podemos prevenir e até curar doenças através da alimentação.”
Ela lembra, no entanto, que tais princípios são bastante semelhantes às recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira, disponibilizado pelo Ministério da Saúde.
Um dos destaques da dieta, e que também consta no guia, é a valorização das refeições à mesa, sem celular, sem televisão, junto com a família.

“A saúde muda, o estresse diminui, o peso diminui. É comer com atenção plena, com consciência, é comer alimentos e não produtos alimentícios. Alimentos de qualidade, de preferência orgânicos, nas quantidades certas e nos momentos certos”, diz Christiane.

Para a médica Loana Heuko Valiati, não é necessário procurar nos hábitos alimentares de outros países uma dieta saudável para a população brasileira.
“Comer arroz integral, feijão, uma proteína, salada, legumes e verduras é uma ótima opção de refeição. Temos muitas opções de alimentos para uma dieta saudável e barata”, diz.
A principal adaptação que o brasileiro precisa fazer em sua dieta tradicional, na visão da médica, é diminuir os carboidratos simples, como pães e massas não integrais, entre outros.

“Temos que tentar manter só 15% de ingestão destes carboidratos na dieta diária e buscar mais os integrais e os complexos, tipo a batata-doce”, diz. “Dá para fazer uma dieta bem gostosa, que a pessoa possa preparar em casa, ou mesmo, comer em restaurantes por quilo, fazendo opções inteligentes e saudáveis”.

Dieta Nórdica

Alimentos que fazem parte da alimentação do dia a dia dos povos nórdicos e que podem
entrar na dieta do brasileiro
Peixes de águas frias: como salmão, bacalhau e arenque
Cereais: centeio, aveia, cevada, arroz e massas integrais
Frutas vermelhas: por lá, o consumo das berries é comum, mas aqui podemos incluir frutas
como morango e amora
Vegetais de raiz: são fontes saudáveis de carboidrato. Entre os alimentos de
raiz consumidos nos países escandinavos estão a batata e a cenoura. Mandioca, beterraba e,
principalmente, batata-doce são opções brasileiras que podem ser incorporadas
Repolho e outros vegetais: a dieta nórdica recomenda o consumo diário de diversos vegetais,
sendo o repolho um dos mais ingeridos entre os povos escandinavos
Carnes brancas: além de estimular o consumo de peixe, a dieta viking também incentiva as
pessoas a comerem outras carnes brancas e a diminuir a ingestão da vermelha.
Óleo de canola: na alimentação dos povos escandinavos, o azeite não está tão presente, por
isso a sugestão é o consumo do óleo de canola.

Dieta brasileira

Recomendações do Guia de Alimentação para a População Brasileira:
– Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados;
– Utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades;
– Limite o consumo de alimentos processados;
– Evite alimentos ultraprocessados, que são aqueles que sofrem muitas alterações em seu
preparo e contêm ingredientes que você não conhece;
– Coma regularmente e com atenção, prefira alimentar-se em lugares tranquilos, limpos e na
companhia de outras pessoas;
– Faça suas compras em locais que tenham uma grande variedade de alimentos in natura e,
quando possível, prefira os alimentos orgânicos e agroecológicos;
– Desenvolva suas habilidades culinárias, coloque a mão na massa, aprenda e compartilhe
receitas;
– Planeje seu tempo e distribua as responsabilidades com a alimentação na sua casa; ao comer
fora, prefira locais que façam a comida na hora;
– Seja crítico, afinal, existem muitos mitos e publicidade enganosa em torno da alimentação.
– Avalie as informações que chegam até você e aconselhe seus amigos e familiares a fazerem o
mesmo
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