Saúde e Bem-Estar

Camila Kosachenco, Agência RBS

Exercícios regulares reduzem o risco de pelo menos sete tumores

Camila Kosachenco, Agência RBS
23/11/2019 08:00
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A atividade física para adultos tem papel importante na prevenção aos cânceres de cólon, mama, endométrio, rins, bexiga, esôfago e estômago. Foto: Bigstock.

Prevenir uma das doenças que mais crescem no mundo e que, conforme estimativas, vai matar mais do que os problemas cardiovasculares pode estar ao alcance das nossas mãos.
Tirando alterações genéticas, o câncer pode ser prevenido por intermédio de ações simples como alimentação saudável e prática regular de exercícios físicos. Foi sobre esse último hábito que entidades médicas norte-americanas se debruçaram para criar um guia com novas diretrizes.
Convocadas pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte, 17 organizações, entre elas a Sociedade Americana de Câncer, reuniram-se para discutir e revisar os últimos estudos científicos sobre os benefícios do exercício para prevenção, tratamento, recuperação e melhor sobrevivência de pacientes com câncer.

Conforme o documento, a atividade física para adultos tem papel importante na prevenção e reduz os riscos de pelo menos sete tumores: cólon, mama, endométrio, rins, bexiga, esôfago e estômago.

Como apresenta números exorbitantes — a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou cerca de 9,6 milhões de mortes em função da doença em 2018 —, o debate sobre prevenção não é novo.
Carlos Eugênio Escovar, diretor médico do Hospital Santa Rita, da Santa Casa de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, lembra que os maiores congressos mundiais sobre o tema — o europeu e o americano —têm discutido soluções para prevenção há, pelo menos, cinco anos:

“Já se falou em vitamina D, Aspirina, anti-inflamatório etc. Mas o que tem cada vez mais evidências são atividades físicas regulares e alimentação balanceada”, diz ele.

Mais energia, menos insulina
Mas como correr, pedalar ou nadar pode impedir o crescimento desordenado de células? Conforme explica a médica Alessandra Morelle, do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento, mexer o corpo faz com que nosso organismo consuma mais energia e precise de menos insulina:
“A exposição crônica a esses picos de insulina aumenta o desequilíbrio hormonal, aciona fatores de crescimento que estimulam a proliferação celular e os processos inflamatórios, que podem contribuir para o desenvolvimento do câncer.”
Além desse mecanismo, o exercício físico tem ação sobre o controle da obesidade, doença relacionada a diversos aspectos inflamatórios.

“Quando não nos exercitamos, acumulamos energia na forma de gordura. Ela, além de também estimular os processos inflamatórios, serve como repositório de hormônios e, principalmente nas mulheres, o estrógeno Armazenado desencadeia um maior risco de câncer de mama e endométrio”,  exemplifica Alessandra.

Como fator de prevenção, o exercício deve ser feito de acordo com preceitos da OMS: 30 minutos por dia de atividades aeróbicas, cinco vezes por semana.
Associado a eles, é recomendado investir em exercícios de resistência, que melhoram a força muscular e ajudam a combater a osteoporose.
Também é indicado ter hábitos alimentares saudáveis, destaca Escovar. Entre as medidas elencadas, estão a redução (não o corte total) da ingestão de carboidratos e consumo moderado de carne vermelha.
Durante e após o tratamento
Importante na prevenção, o exercício também é fundamental durante e após o tratamento contra o câncer. Esses dois aspectos também ganharam novas recomendações pelas autoridades norte-americanas.
Conforme o guia, há melhoria significativa na vida de sobreviventes da doença que incluem atividades físicas na sua rotina. Por outro lado, exercitar-se durante o tratamento, quando houver condições, melhora aspectos como fadiga, ansiedade e depressão.

“Isso deve se tornar parte do cuidado do paciente com câncer e não ser deixado como uma iniciativa de cada um. Exercícios melhoram a capacidade cardiovascular, reduzem a perda de musculatura, melhoram o humor e ainda ajudam a ação das drogas anticâncer, sobretudo, a imunoterapia”, defende Carlos Eugênio Escovar, do Hospital Santa Rita.

Em uma pesquisa realizada no Hospital Moinhos de Vento em parceria com a Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança da UFRGS, foi evidenciado que a combinação de musculação com atividades aeróbicas melhorou tanto a qualidade de vida quanto a capacidade respiratória de pacientes em quimioterapia, diz a médica Alessandra Morelle.
“Existia um mito de que pacientes em quimioterapia não poderiam fazer exercícios físicos. Hoje se sabe que é exatamente o contrário. E mais: após o diagnóstico, pessoas que ingressam em um programa de exercícios reduzem os riscos de metástase. O tamanho do benefício do exercício se compara ao tamanho do benefício da quimioterapia”, enfatiza Alessandra.
Os documentos ressaltam, ainda, a importância de se ter um acompanhamento profissional para a escolha da melhor atividade, respeitando as individualidades de cada pessoa.
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