Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Gordura e carboidratos refinados: os alimentos que favorecem o câncer de próstata

Amanda Milléo
11/11/2019 13:00
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Há uma relação entre a alimentação e o desenvolvimento do câncer de próstata, mas não da maneira como você imagina. Confira! Foto: Bigstock.

Toda dieta que favoreça o ganho de peso coloca o homem em risco de desenvolver o câncer de próstata. Não existem, portanto, um ou dois alimentos que possam ser demonizados, mas um conjunto deles, especialmente quando ingeridos em excesso. Entram na lista:
  • Alimentos ricos em gordura, como a carne vermelha;

  • Carboidratos refinados, como os usados na panificação e em produtos de confeitarias;

  • Alimentos ricos em açúcares, especialmente os adicionados, como refrigerantes e outras bebidas açucaradas;

  • Produtos industrializados em geral.

Ao atingir o sobrepeso ou a obesidade, a pessoa desenvolve alterações no metabolismo hormonal que, de acordo com a literatura médica, podem influenciar o câncer de próstata.
Os médicos especialistas chegaram a essa conclusão também olhando para o contrário: pessoas com um controle de peso adequado estão mais protegidas do desenvolvimento da doença.

“Qualquer dieta que ajude a pessoa a controlar o peso é uma boa opção. E qualquer dieta que favoreça o ganho de peso, especialmente as ricas em gorduras, são prejudiciais. Se pensarmos no consumo de carne, quanto mais gordura tiver, mais arriscado fica. Não tem problema comer um churrasco, mas não posso concentrar minha dieta nesse tipo de alimento”, explica Rogério Fraga, médico urologista, membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

O especialista sugere, em vez da carne vermelha, proteínas substitutas, como o peixe. “O salmão, por exemplo, tem uma gordura saudável, além de ômega 3 e ômega 6, que são protetoras. Existe a frase que ‘o que é bom para o coração é bom para o cérebro’, mas também vale a frase ‘o que é bom para o coração é bom para a próstata”, diz Fraga, que também é professor de Urologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Tomate protege contra o câncer de próstata?

O boato de que o tomate protegeria contra o câncer de próstata se deve à presença de uma substância antioxidante na composição no fruto, o licopeno.
Depois de vários estudos com a substância, porém, os especialistas não viram provas suficientes dessa ação do licopeno. Isso não significa, porém, que o tomate deva ficar de fora da dieta dos homens.
“Os pesquisadores não conseguem comprovar essa associação [licopeno protetor contra o câncer de próstata] e não consigo falar de quanto licopeno uma pessoa teria que fazer uso para proteger contra a doença. Mas quando uma pessoa come um tomate, por exemplo, ela dificilmente o comerá como se come maçãs. Ela inclui na salada, dividindo o prato com outros vegetais e frutas”, explica Fraga.

Ao incluir outros elementos “coloridos” no prato, o homem adotará uma alimentação mais saudável — e, isso sim, é um fator comprovadamente protetor contra a doença. 

“Alguns estudos mostram a relação do licopeno com o câncer, mas não é só isso. É preciso ter uma alimentação saudável no todo, um controle do peso. É o conjunto da obra. A pessoa deve incluir os alimentos integrais, as fibras, aveia, aumentar o consumo de frutas a duas ou três por dia, além de saladas e vegetais. Nesse processo entram os antioxidantes para a prevenção da doença”, explica Camila Brandão Polakowski, nutricionista do hospital Erasto Gaertner, referência no atendimento contra o câncer, em Curitiba.

Todas as frutas e vegetais, conforme explica a nutricionista, são antioxidantes. Isso significa que são alimentos com substâncias que combatem os radicais livres — atores que participam na formação de tumores. 

“E, se conseguir, consumir alimentos orgânicos. Os agrotóxicos, hoje em dia sabemos, também têm relação com o câncer. Não que você não possa comer um alimento não orgânico, pois os antioxidantes da fruta atuam com a prevenção, mas os orgânicos terão uma atuação melhor”, reforça a nutricionista, que é ainda professora nas faculdades Paranaense e Espírita.

Carne processada e corante nos refrigerantes

Embora haja uma relação clara do consumo de carne processada, como os embutidos, e o desenvolvimento de câncer, não há indícios de que afetem diretamente a próstata. A região do cólon-retal, porém, é um alvo real.

“O processamento final dos embutidos fica alojado no intestino. A próstata não é um órgão de reservatório da excreção. Ela produz o líquido seminal que o homem ejacula. Mas, se a pessoa tiver o hábito de comer excessivamente esse alimento, no conjunto da obra aumenta o risco para o câncer de próstata também”, reforça o urologista. 

No caso dos corantes presentes em refrigerantes, a lógica é semelhante. Não há relação direta com o câncer de próstata, mas sim com o da bexiga. “O corante permanece na bexiga, que é um órgão de reservatório. E está associado à produção do câncer de bexiga”, completa Fraga.

50 anos? Vá ao urologista

A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que homens, a partir dos 50 anos, façam uma avaliação junto ao urologista, para verificar a próstata.
Caso tenha histórico da doença na família, a idade cai para os 40 anos. E, caso venha a ter qualquer queixa (dor ou dificuldade para urinar, por exemplo), o ideal é buscar o médico, seja qual for a sua idade.

“Dos outros fatores para a doença, como estresse e, o mais importante, o histórico familiar. Se tiver alguém na família, da mesma linhagem, o risco é de duas a seis vezes maior. Essas pessoas devem intensificar o cuidado”, explica o médico urologista, Rogério Fraga. 

Os exames que verificam a saúde da glândula são o exame do PSA (exame de sangue tradicional) e o exame do toque. Para o alerta dos homens, o câncer de próstata normalmente não gera sintomas no início da doença, sendo necessária a ida ao especialista.
Dos tratamentos hoje disponíveis, Fraga cita a cirurgia e radioterapia, que dependem da idade e do grau da doença. Há ainda a chamada vigilância ativa, onde o acompanhamento do crescimento do tumor é feito de forma atenta pelo médico e paciente.
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