Saúde e Bem-Estar

Gazeta do Povo com informações do Washington Post

Nova York declara fim do maior surto de sarampo dos últimos 30 anos; Brasil tem aumento de casos

Gazeta do Povo com informações do Washington Post
04/09/2019 18:00
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Cidade de Nova York declara fim do surto de sarampo. Foto: Bigstock.

O maior surto de sarampo na cidade de Nova York nos últimos 30 anos chegou ao fim, disseram autoridades na última terça-feira (03). A cidade gastou mais de US$ 6 milhões, vacinou mais de 500 funcionários e emitiu uma ordem de vacinação obrigatória para todas as pessoas que viviam e trabalhavam em quatro bairros do Brooklyn.
Os casos da doença altamente contagiosa e potencialmente fatal estiveram concentrados principalmente na comunidade ultra-ortodoxa judia de Nova York, onde se disseminou a desinformação acerca da segurança e eficácia da vacina contra o sarampo, rubéola e caxumba, conforme alertaram as autoridades de saúde.

Ao todo, 654 pessoas foram infectadas, e 52 delas foram hospitalizadas. Destas, em 16 pacientes foram necessárias medidas intensas de cuidado devido a complicações mais sérias, conforme divulgação do departamento de saúde da cidade.

Cerca de 73% dos indivíduos não haviam sido vacinados, 7% não receberam todas as doses, e 15% não sabiam como estava a carteirinha de vacinação. A maior parte dos casos — 72% — ocorreu nos quatro bairros do Brooklyn.

Nova York concentrou o maior número de casos de sarampo nos Estados Unidos e favoreceu o aumento da presença da doença no território nacional. Este também foi considerado o maior surto de sarampo em um único ano nos últimos 27 anos. Em todo o país, até o dia 29 de agosto, foram contabilizados 1.234 casos, de acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês) — órgão semelhante à Anvisa.

Retrocesso para a saúde

O surto de 2019 representa um retrocesso significativo para a Saúde Pública, depois que o sarampo foi declarado eliminado dos Estados Unidos no ano 2000. No Brasil, a doença havia sido considerada eliminada em 2016, título que o país perdeu com os casos dos últimos dois anos.
Entre janeiro de 2018 e janeiro de 2019, o Brasil teve mais de 10 mil casos confirmados de sarampo, especialmente na região Norte, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Neste ano, o Brasil registrou quase 3 mil casos até o início de setembro,  representando um aumento de 18% nos casos desde a última notificação, no fim de agosto. São Paulo continua como o estado com o maior número de pessoas infectadas — 2,3 mil casos.
Quatro pessoas morreram no Brasil, desde o início do ano, por complicações do sarampo: um homem de 42 anos e dois bebês de quatro e nove meses, no estado de São Paulo, e um bebê de sete meses em Pernambuco.
Nos Estados Unidos, a doença regrediu e não há caso novo registrado desde metade de julho. Os surtos de sarampo são normalmente declarados finalizados quando dois períodos de incubação (o equivalente a 42 dias) da doença tiverem passado.

“O sarampo é uma das doenças mais contagiosas da face da terra”, disse Oxiris Barbot, comissária para a saúde da cidade de Nova York.

Embora não haja mais transmissão local de sarampo em Nova York, a ameaça continua, segundo Barbot, devido a outros surtos em outras cidades dos Estados Unidos e ao redor do mundo, incluindo a Europa e Israel, países na América do Sul, África e Ásia. 

Vacinação: única prevenção

Oxiris Barbot, comissária para a Saúde de Nova York, reforça ainda para a cobertura vacinal, que teve um aumento significativo desde a ordem de vacinação emergencial.
“Nós somos gratos aos novaiorquinos que compartilharam a verdade sobre as vacinas e protegeram a saúde de seus amigos e vizinhos durante esse surto”, diz.
Grupos antivacinação têm estado ativos contra a comunidade. Durante o surto, eles mantinham campanhas ativas, com a distribuição de panfletos desinformando a população. Mas outros grupos, mesmo dentro da comunidade judia ortodoxa, revidaram.
Um grupo voluntário de profissionais da saúde, a Força Tarefa da Vacina, escreveu e distribuiu centenas de folhetos aos pais para combaterem o medo e os mitos disseminados pelos grupos antivacinação. Eles ainda organizaram encontros com os pais e médicos para que ouvissem os questionamentos e respondessem sobre a ciência atrás das vacinas.
Em meio ao surto de sarampo, os vereadores de Nova York também revogaram a permissão de os pais recusarem a vacinação dos filhos. Em junho, a exceção religiosa também foi revogada em prol de uma vacinação forçada vinculada à permissão de ir para a escola.
Mais de 26 mil crianças de escolas públicas e privadas e de creches não haviam sido vacinadas anteriormente por motivos religiosos, de acordo com o departamento de saúde local.
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