Saúde e Bem-Estar
Luciane Belin, especial para a Gazeta do Povo
O mesmo pijama a semana toda? Veja após quantos dias é preciso lavá-lo
Resíduos como pele, cabelo e secreções naturais do corpo servem de fonte de nutrientes para os microrganismos e podem facilitar a dispersão nas peças de roupa. Foto: Bigstock
Mofos e leveduras causadoras de micoses, bactérias infecciosas tipo Staphylococcus aureus, ácaros responsáveis pelo desenvolvimento de sarna.
Estes são alguns dos tipos de microrganismos que podem estar dormindo com você, caso não tenha o hábito de trocar seus pijamas com uma determinada frequência.
Fungos, vírus e certos tipos de ácaros que despertam alergias e asma são outros exemplos de microrganismos presentes nas roupas, inclusive nos pijamas, embora muita gente acredite que estas peças permaneçam limpas por mais tempo, já que só as utilizamos para dormir.
“Nosso corpo possui, naturalmente, trilhões de microrganismos. A maioria deles está presente em nossa pele e intestinos. Frequentemente, são inofensivos, ou seja, dificilmente são causadores de doenças, e podem exercer uma função protetora contra a invasão de organismos patogênicos ou prejudiciais”, explica a bióloga especialista em microbiologia e professora do departamento de Química e Biologia da UTFPR Giselle Maria Maciel.
Ela diz que, no entanto, esses microrganismos da microbiota normal podem causar infecções em pessoas com problemas de pele, com cortes ou feridas, quando invadem locais diferentes de seu “habitat” natural. “Por exemplo, a Escherichia Coli comumente presente no intestino grosso, quando invade o trato urinário acaba causando a cistite”.
Resíduos como pele, cabelo e secreções naturais do corpo servem de fonte de nutrientes para os microrganismos e podem facilitar a dispersão nas peças de roupa. A professora explica que milhares de ácaros, por exemplo, podem sobreviver em roupas ou tecidos se alimentando de queratina da pele, cabelos e pelos.
“Alguns tipos de ácaros podem causar a sarna; essa doença pode aparecer em indivíduos que utilizam com frequência as mesmas roupas sem lavagem e a transmissão pode ocorrer por roupas de pessoas infectadas”, diz ela.
Mas, afinal, qual periodicidade é a mais adequada para lavar as roupas com as quais você dorme para se livrar dos microrganismos indesejados? A resposta é: depende de uma série de fatores.
Quando se mora em uma cidade quente ou se tem um nível elevado de produção de sudorese, será preciso trocar com mais frequência. Outro aspecto importante para levar em conta é se o indivíduo tem o hábito de banhar-se antes de dormir ou no começo do dia.
De acordo com o American Cleaning Institute, órgão norte-americano que sugere padrões de higiene, o ideal é lavar os pijamas a cada três ou quatro usos, mas esse tempo pode ser estendido para até uma semana se a pessoa toma banho antes de dormir.
“O suor aumenta significativamente a adesão de microrganismos nas roupas, o que inclui os pijamas. Deste modo, caso a sudorese seja intensa durante o sono, deve-se lavar os pijamas após o uso, ou seja, antes de vesti-los novamente”, explica a bióloga.
Cada vez que alguém utiliza uma roupa, um pijama ou uma roupa de cama, microrganismos serão transferidos da pele para os tecidos. Segundo ela, “a quantidade de microrganismos que serão transferidos e que permanecerão viáveis nos tecidos dependerá do local do corpo que entrou em contato”. Microrganismos das axilas, por exemplo, poderão ser facilmente transferidos para roupas em dias quentes que facilitem ou aumentem a sudorese.
Em outras palavras, se você é do tipo que transpira muito, o ideal é trocar os pijamas dia sim, dia não, ou todos os dias, para evitar odores e proliferação desses companheiros de sono indesejados.
Outra questão importante reforçada pela professora é com relação ao uso ou não de roupas íntimas. Se você não utiliza calcinhas ou cuecas por baixo do pijama, então a recomendação é a de lavá-lo diariamente.
Neste caso, “recomenda-se trocar o pijama logo após o uso, para evitar transferência de bactérias para lugares indesejáveis, como do intestino para a bexiga”, detalha.
Casos especiais e dicas de lavagem
Além de trocar as peças com certa frequência, existem algumas recomendações sobre como algumas das roupas devem ser higienizadas. Para quem usa máquina de lavar, a recomendação é evitar acúmulos, para não colocar grandes quantidades de itens de uma única vez durante a lavagem.
Usar água quente é outra dica de ouro, segundo a bióloga, já que algumas bactérias patogênicas podem sobreviver à lavagem em baixas temperaturas e a água acima de 40 graus C facilita a eliminação de diversas bactérias e fungos.
“Roupas íntimas de pessoas que estão em tratamento contra cândida (para evitar a reinfecção) ou que estejam com sintomas de intoxicação alimentar (apresentando diarreia) devem ser lavadas separadamente, em água acima de 40 graus C com água sanitária ou produtos com oxigênio ativo próprios para lavagem de roupas”, recomenda.
Frequência de lavagem
Veja de quanto em quanto tempo cada tipo de roupa deve ser levado, de acordo com o American Cleaning Institute.
• Lençóis e demais roupas e cama devem ser lavadas pelo menos uma vez a cada duas semanas – ou menos, se você transpira muito; • Toalhas de banho devem ser penduradas para secar melhor entre os usos e lavadas depois de três ou cinco usos; • Roupas íntimas e meias devem ser lavadas após cada uso. Sutiãs, por sua vez, podem ser usados mais do que uma vez antes de lavar – entre duas ou três vezes; • Camisetas, regatas e camisolas, assim como leggings e roupas de academia devem ser lavadas após cada uso; • Roupas como camisas e calças sociais podem ser usadas algumas vezes antes de serem lavadas, assim como os jeans.
Fonte: https://www.cleaninginstitute.org/cleaning-tips/clothes/laundry-basics/do-i-need-wash
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