Saúde e Bem-Estar

Maria Fernanda Takahashi, especial para a Gazeta do Povo

Para comer sem culpa: conheça os chocolates que são aliados da saúde

Maria Fernanda Takahashi, especial para a Gazeta do Povo
21/04/2019 08:00
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A presença de antioxidants do cacau auxilia na prevenção de doenças inflamatórias, cardiovasculares e Alzheimer. Foto: Bigstock

Prevenção de doenças e do envelhecimento, proteção ao coração, melhora do fluxo sanguíneo, fornecedor de energia e ainda carrega o hormônio da felicidade. Essas são apenas algumas das características do cacau, fruto tipicamente brasileiro e principal ingrediente da estrela na época: os ovos de Páscoa. Para que o chocolate também carregue todas esses benefícios, é preciso que o cacau prevaleça nos ingredientes.
Entre as propriedades do fruto, destacam-se os fitoquímicos do cacau: os polifenóis, como taninos e flavonoide, antioxidantes que auxiliam na prevenção de doenças inflamatórias, cardiovasculares e Alzheimer, combatendo o envelhecimento.
“A atividade antioxidante combate os radicais livres formados durante a respiração e reduz os danos ao endotélio vascular promovidos pela oxidação do colesterol LDL”, explica a biomédica Kassiany Pedroso Dalmora, que estuda o cacau em sua tese de mestrado no curso de Biotecnologia Industrial da Universidade Positivo (UP).

Além dos antioxidantes, o cacau também carrega magnésio, cromo, vitaminas do complexo B e aminoácidos, como o triptofano, precursor da serotonina, o neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem-estar.

Ao mesmo tempo, diminui os níveis de cortisol, o hormônio do estresse e da ansiedade, e é um agente vasoativo, devido à presença de cafeína e teobromina.
(Foto: Bigstock)
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“Essa vasodilatação promove um aumento no fluxo de sangue, melhora a função vascular corpórea e auxilia na oxigenação cerebral, reduzindo o aparecimento de doenças neurológicas como demência e acidente vascular cerebral (AVC)”, salienta a biomédica.
Chocolate saudável

É possível colher todos esses benefícios do cacau no formato de chocolate, com versões mais saudáveis e puras.

“Esses chocolates são chamados de chocolates de origem, feitos de maneira artesanal a partir da amêndoa do cacau até a barra (bean to bar), sempre com poucos ingredientes e de qualidade, como o cacau fino”, explica Kassiany. Além disso, o produto deve ter, no mínimo, 70% de cacau em sua composição.
A biomédica, que também é chocolate maker na empresa Caos Chocolate, esclarece que a procura por produtos com maiores concentrações de cacau não tem a ver apenas com o apelo saudável, mas também pelo próprio sensorial.
“Chocolates produzidos com amêndoas de cacau de um único país, sem mistura de variedades, possuem o sabor característico de cada amêndoa, como o terroir [peculiaridades desenvolvidas em uma região] e as formas de cultivo que influenciam o sabor final do chocolate”, diz. Kassiany destaca os chocolates de origens definidas, como Brasil, Peru, Madagascar e São Tomé e Príncipe, na África, entre outros, que possuem sabores singulares e agregam valores à escala produtiva do cacau.

Outras formas de consumo

Apesar de a forma de consumo mais conhecida do cacau ser como chocolate, existem outros meios de aproveitar o fruto como um todo. A polpa vira sucos e vitaminas. O néctar do cacau pode ser utilizado para a produção de cachaça, licores e geleias. As amêndoas torradas e trituradas sem casca viram os nibs, ingeridos com comidas doces ou salgadas.
Cacau, in natura e torrado: símbolo da região. Foto: Divulgação.
Cacau, in natura e torrado: símbolo da região. Foto: Divulgação.
As amêndoas também fornecem a manteiga de cacau, conhecida pelo uso cosmético, mas que pode ser consumida como uma alternativa à manteiga convencional ou em receitas. “A manteiga de cacau possui muitos ácidos graxos, como o ácido oleico, que apresenta efeito neutro nos níveis de lipídeos do sangue, não aumentando o colesterol”, afirma a biomédica Kassiany.
Para o cacau em pó, o fruto passa por várias etapas de processamento, fermentação, secagem, torra, moagem e prensagem. Após isso, o pó é submetido à alcalinização, processos que alteram a composição nutricional do fruto.

Cuidado com os excessos

Por conta de alguns componentes, é preciso cuidar com o consumo em excesso do cacau para que os benefícios não se tornem problemas. Cafeína e teobromina, que estimulam o sistema nervoso central e são vasodilatadores, devem ser consumidos com moderação por pessoas que sofrem de enxaqueca, pois o aumento do fluxo sanguíneo no cérebro pode intensificar a dor.

O cacau é um fruto calórico e, por isso, o consumo deve ser cauteloso.

“O cacau em pequenas quantidades e em alimentos de boa qualidade – nibs, em pó 100% ou como chocolate 70% e sem gordura hidrogenada ou aditivos químicos – pode ser consumido até 40 g diariamente”, indica a nutricionista Aline Quissak.
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