Saúde e Bem-Estar

Julliana Bauer, especial para Gazeta do Povo

Pouco conhecidas, fraturas no cóccix causam dor prolongada

Julliana Bauer, especial para Gazeta do Povo
03/08/2019 08:00
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Lesões no cóccix podem render mais de seis meses de dor. Foto: Bigstock.

Um ossinho pequeno, lá no fim da coluna vertebral e que quase passa despercebido – mas que quando é lesionado, trincado ou fraturado, pode causar meses de dor e desconforto.
Este é o cóccix, osso que participa de muitos movimentos rotineiros e ajuda a manter a estabilidade do corpo, e cujo posicionamento na anatomia humana articula-se com o osso sacro, que o protege de possíveis lesões — mas não o torna imune a elas.

“A fratura de cóccix acontece quando ocorre um impacto ou queda sobre a região da nádega, que funciona como uma almofada – e algumas pessoas tem mais almofada do que outras”, explica Marco Antonio Pedroni, Ortopedista e Traumatologista do Hospital Marcelino Champagnat e especialista em Medicina Esportiva. 

Ou seja, apesar de toda a proteção na região, traumas como cair sobre superfícies muito duras, como escadas, gelo, ou mesmo durante a prática de um esporte pode provocar uma lesão dolorosa no cóccix —
e ter consequências mais graves.
 Dor prolongada
“Na maioria dos casos, as fraturas de cóccix não acarretam nenhuma complicação mais séria, mas é normal que causem muita dor, porque todos os ligamentos do ânus, vagina e assoalho pélvico são grudados no sacro e no cóccix”, explica o ortopedista.

Com isso, atividades comuns do dia a dia, como sentar para ver um filme ou mesmo passar o dia em frente ao computador, no trabalho, podem passar a ser muito dolorosas para quem lesionou a região. “A pessoa vai sentir muita dor ao tossir, espirrar, ao realizar os movimentos de levantar e sentar, e até mesmo para ter relação sexual, porque força toda a região”, observa Pedroni.

As mulheres são mais propensas a trincar, deslocar ou quebrar o cóccix — pela própria anatomia feminina, de pelve mais larga, mas também pelas mudanças que ocorrem no corpo com a gravidez.
Isso porque durante o parto, os ligamentos conectados em torno do osso podem se soltar para abrir espaço para o bebê passar. “Isso pode ocorrer principalmente quando há uma desproporção — crianças grandes e canal vaginal estreito ”, esclarece Pedroni.
Após a queda
Sofreu uma queda e suspeita de ter machucado a região? A recomendação é procurar ajuda de um ortopedista o quanto antes e evitar a automedicação.
O especialista  fará uma avaliação para determinar se a área está inchada, e pode pedir exames como tomografia ou Raio-X para avaliar a gravidade da situação.

“É preciso observar se o paciente teve sangramento retal, e caso ele esteja inconsciente, fazer o exame de toque retal para ver se há lesão ou não”, recomenda. Isso porque, em casos raros, a fratura de cóccix pode ter consequências mais sérias, como a perfuração do intestino.

Ele acrescenta que em casos muito raros, de complicações graves, quando a quebra envolve um desvio para a região do reto, é necessário fazer um toque retal e manipular a ponta quebrada para realinhá-la. “É claro que isso precisa ser feito sob anestesia, pois é desconfortável, mas são casos raros”, detalha o ortopedista.
Isso porque em casos mais graves, pode ocorrer uma fratura de sacro com exposição para a cavidade intestinal, chamada de fratura exposta oculta.
Se não houver lesão interna — ou seja, se a lesão não apresentar maiores riscos à saúde — segundo o especialista o tratamento é conservador: repouso, analgésico e uso de almofadas que protegem a região sem apoiar o cóccix.
“Mesmo assim, o paciente anda pode sentir muita dor por seis meses ou mais, que é o que chamamos de coccigodinia — o prolongamento da dor na região”. Outra orientação é ingerir muito líquido, já que o trauma e a dor dificultam a evacuação.
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