Saúde e Bem-Estar

Carolina Kirchner Furquim, especial para a Gazeta do Povo

Saiba como é feito o Papanicolau e porque é um exame muito importante

Carolina Kirchner Furquim, especial para a Gazeta do Povo
03/11/2019 13:00
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O médico realiza uma raspagem normalmente indolor nas duas porções do colo (endocérvix e ectocérvix) e esfrega o material coletado em lâminas com substâncias fixadoras, que são enviadas a laboratórios especializados em citologia. Foto: Bigstock

O Papanicolau é um exame ginecológico imprescindível, feito para rastrear ou detectar o câncer do colo do útero em seus estágios mais iniciais, entre outras lesões por HPV (Vírus do Papiloma Humano), o vírus responsável pelo surgimento da doença.
Segundo o documento Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero, publicado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), ele deve ser realizado pela primeira vez aos 25 anos para mulheres que já tiveram ou têm atividade sexual e, após dois resultados negativos consecutivos, a cada três anos. O rastreamento antes dos 25 anos deve ser evitado.

Essa normativa também sugere o rastreamento em mulheres com risco normal para o câncer do colo do útero até os 65 anos.

O argumento é que há o intervalo de uma década entre o surgimento de lesões pré-cancerígenas e da doença em estágios iniciais.
Depois dessa idade, se nos últimos cinco anos não houve resultados anormais, as chances de desenvolvimento do câncer são mínimas.

No Brasil, boa parte da comunidade médica ainda recomenda a prática anual do exame, do início da vida sexual até quando for possível sua realização, sem limitação de idade.

Como é feito

O Papanicolau, também chamado exame preventivo, citologia ou colpocitologia oncótica, é realizado com a mulher em posição ginecológica, fora do período menstrual e em pelo menos 48 horas sem relações sexuais, duchas vaginais ou sem ter realizado qualquer outro exame íntimo, como o toque.
Depois de avaliar a saúde da genitália externa, o médico insere na vagina um espéculo (que pode ser de metal ou plástico), responsável por abrir o canal vaginal e possibilitar a visão e acesso ao colo do útero, a porção mais inferior do órgão, localizado no fundo da vagina.

Com a ajuda de uma espátula e uma escovinha próprias para o exame, o médico realiza uma raspagem normalmente indolor nas duas porções do colo (endocérvix e ectocérvix) e esfrega o material coletado em lâminas com substâncias fixadoras, que são enviadas a laboratórios especializados em citologia.

O resultado, que acusa possíveis lesões pré-neoplásicas, neoplásicas e alterações na morfologia das células da mucosa, não visíveis a olho nu, fica pronto em poucos dias.
O Papanicolau é um exame rápido, simples, barato (é ofertado gratuitamente na rede pública) e um dos mais assertivos de toda a medicina, visto que ele detecta não apenas o câncer, mas também sua possibilidade prévia de desenvolvimento.
Muitas mulheres, infelizmente, ainda resistem à sua realização por medo ou vergonha.

Muito além da citologia

Ainda que o objetivo principal do Papanicolau seja a coleta de células do colo do útero, durante o exame o médico consegue detectar, macroscopicamente, sinais aparentes que sugerem que algo não vai bem na saúde íntima, em uma avaliação subjetiva.

Reações e processos inflamatórios, análise de aspecto, cor e espessura de secreções, corrimentos causados por infecções por protozoários, fungos e bactérias (como tricomoníase, candidíase e vaginose bacteriana), doenças sexualmente transmissíveis como herpes, sífilis, gonorreia, condilomatose e clamídia, são algumas das condições que o médico também pode perceber durante a realização do exame.

Segundo câncer mais prevalente entre mulheres

O câncer do colo do útero é o segundo mais prevalente entre a população feminina, perdendo apenas para o câncer de mama.
Alguns fatores podem tornar a mulher mais predisposta ao surgimento da doença, como tabagismo, histórico familiar, infecção por HPV e clamídia, imunossupressão (como nas pacientes soropositivas), dieta deficitária em nutrientes, gestação precoce, sexo sem proteção e múltiplos parceiros sexuais.
Fontes: Newton Sérgio de Carvalho, membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Paraná (SOGIPA), ginecologista e obstetra do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do Hospital Nossa Senhora das Graças, professor titular de ginecologia da UFPR e coordenador da pós-graduação em ginecologia e obstetrícia da UFPR e Maria Letícia Fagundes, ginecologista do Hospital Marcelino Champagnat.
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