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Leia abaixo a continuação da entrevista com Nasi e Edgard Scandurra sobre o fim do Ira!

Round 4 (Batalha judicial)

Nasi: “Depois disso eles vieram para cima de mim, e tentaram se aproveitar do meu passado turbulento [ele se refere à ação de interdição judicial protocolada dia 25 de outubro pelo pai de Nasi, Airton Valadão. Esse tipo de medida é tomada quando a família considera que determinada pessoa não tem condições de responder pelos seus atos, em decorrência de acidentes, doenças ou vícios].

Essa foi a coisa mais suja de todas, na medida em que usaram o que eu tenho mais orgulho, a vida mais sadia que eu tenho, para inventar uma realidade que não existe. Foi uma vitória com a ajuda de Deus e das pessoas que eu amo contra o que me fazia mal…

Meu irmão é um covarde, teve uma atitude rasputiniana, usar um senhor de 74 anos que mora no interior de Minas e nem sabe o que está acontecendo. Prova disso é que o advogado do meu pai é o mesmo que representa o Júnior.

Mas eu estou tranqüilo, teve audiência no dia 8 e foi indeferido o pedido de tutela. Não dou mais detalhes porque eu pedi segredo de Justiça. Mas adianto que posso me submeter a qualquer exame toxicológico na hora em que eles quiserem. Eles me deram a oportunidade de provar, para a decepção de alguns fãs mais radicais, que eu sou uma pessoa normal. Agora eu vou dar ao Júnior a oportunidade de ele provar que é um empresário honesto. Ele enriqueceu de forma meteórica nos agenciando, quero crer que por justeza e competência.”

Scandurra: “O Nasi não usa mesmo drogas que levem a um vício pesado, faz muito tempo que ele parou com isso. Mas o álcool também pode fazer muito mal, assim como o cigarro. Eu estou sem fumar há três meses e fico andando de um lado para o outro, fazendo furo no chão, de nervoso. Espero que ele consiga dar a volta por cima mesmo. Sobre as ações, eu não posso falar nada porque estão correndo em segredo de Justiça.”

Round 5 (Relespública)

Nasi: “Quando estávamos na turnê do Acústico, um jornalista daí nos perguntou se não tínhamos pensado em convidar artistas menos conhecidos, como a Reles, ao invés de músicos consagrados para as participações especiais do disco. Era o que eu achava, mas o Edgard ficou irado, disse depois que o Fábio Elias não tem condições de engraxar os sapatos dele.

Quando estávamos gravando o Invisível DJ, estavam faltando algumas músicas, então eu e o Júnior sugerimos que gravássemos uma música da Relespública. Ele não quis nem saber, disse que que as músicas eram infantis, eu revelo isso com dor no coração.

Para completar, quando o Edgard soube do show que eu vou fazer aí com a Reles, mandou um e-mail ao Fábio Elias dizendo “lave a boca antes de tocar minhas músicas!”. Ele devia dar graças a Deus que uma banda digna como a Relespública queira tocar as músicas dele…”

Scandurra: “Fico triste de ele ter exposto um e-mail pessoal… eu mandei sim mas me arrependo, retiro tudo o que eu falei. Quero pedir desculpas ao Fábio e à Relespública, desejo toda sorte do mundo, que eles consigam tocar nos palcos que sempre almejaram e façam um grande show com o Nasi aí em Curitiba.

Fico chateado porque dias antes o Fábio veio pra São Paulo e conversou com a gente, falou muitas coisas sobre o Nasi também, tanto que parecia que ele estava do nosso lado nessa história. Mas pelo jeito eles estavam do lado de todo mundo…

Espero que ele e a banda dele sejam muito felizes, e não precisam lavar a boca não, podem tocar minhas músicas à vontade. Podem até fazer um arranjo em reggae se quiserem, vai ficar bacana.”

Round 6 (Amizade)

Nasi: “Eu e o Edgard montamos essa banda quando tínhamos 19 anos e estávamos saindo do secundário. Eu tinha extrema admiração por ele, e continuo tendo como músico e guitarrista. Mas nos últimos anos eu vi desmoronar a imagem dele para mim, porque eu não consigo distinguir o músico da pessoa.

Se depender dele, ele quer compor, tocar todos os instrumentos, cantar, assoviar e chupar cana nos discos do Ira! Devia também ir para o outro lado e bater palma… ele se vangloria de ser o compositor de 95% da músicas da banda, mas o Gaspa também compõe super bem.

Eu me imaginava mais como um intérprete, mas se a maioria das músicas é dele, ele não tem nenhum sucesso que não tenha sido gravado na minha voz. E eu não quero mais subir no palco com essa pessoa.”

Scandurra: “Foi de um jeito muito feio e ruim, mas, apesar da baixaria, eu não precisar mais trabalhar com o Nasi é uma coisa muita boa. Deus escreve certo por linhas tortas. Vou poder cantar minhas músicas e compor à vontade sem ser tachado de ditador.

Eu componho uma música por dia, minha velocidade de produção sempre foi muito maior do que a de todos os integrantes. Por isso sempre me senti responsável pelas músicas e sou muito crítico com elas, sendo elas minhas ou não.

Mas a maioria sempre foi respeitada no Ira!, e muitas vezes eu fiz parte da minoria. Viro essa página da minha vida, sem ter de conviver com uma pessoa negativa, que fica alimentando um monte de brigas, raiva e questionamentos a meu respeito. Pro Nasi, pela amizade que eu tenho por ele nesses anos todos, eu desejo tudo de bom. Que siga em frente, sem raiva e sem ódio.

Round 7 (O futuro)

Nasi: “Eu estou saindo com a roupa do corpo, mas como alguém que não traiu o seu público nem sua independência. Não sou empregado de empresário nem de gravadora, para ficar catando dinheiro no interior do país.

Agora vou cantar as músicas que eu quiser cantar. No show com a Reles, por exemplo, acho que vai ter Iggy Pop, Muddy Waters… do Ira!, no momento estou preferindo as do Gaspa, como ‘Bebendo Vinho’. Apesar de eu ter a boca bem lavada, algumas coisas ainda não me descem pelo estômago.

Se algum dia, em alguma encarnação, nós chegarmos a sentar na mesma mesa e eu concluir – ‘Edgard, eu não vou muito com a sua cara, mas ainda posso subir no palco com dignidade ao seu lado’ – talvez haja uma chance de o Ira! voltar.

Scandurra: “A banda não vai mais existir como Ira!, ela foi formada como um quarteto, por mim e pelo Nasi, e a gente respeita muito isso. Boa parte do nosso público aprendeu a gostar do Ira! depois do Acústico, e via a gente como um grupo de pop-rock, onde o cantor sai na frente da foto e é a principal figura.

Mas nós três temos uma visão mais rock’n’roll, todos têm a sua importância. A banda deve continuar como um trio, só temos que escolher um nome bacana, assim como Ira! foi bonito e forte. Também não tenho o menor medo de conquistar um novo público, interessado em som e música, e não em polêmica e demagogia.

Meu futuro como músico é muito promissor, praticamente todas as músicas que ajudaram o Ira! e o Nasi a fazer sucesso são minhas. Nos shows que tenho feito com o trio vemos mais gente sorrindo do que olhando feio… e também tenho o meu projeto de música eletrônica [Benzina], com o qual fiz um show fantástico num festival de música independente aí em Londrina.

Sobre tocar no Paraná, tínhamos um show agendado com o Ira!, mas faz parte dos que foram cancelados. Espero que os contratantes percebam que eu, o André e o Gaspa podemos dar conta do recado. Não foi uma bomba atômica ou uma tragédia, foi só uma banda de rock’n’roll que acabou.”

A reportagem tentou entrar em contato com o empresário Airton Valadão Rodolfo Jr., citado várias vezes na matéria, mas ele não retornou a ligação.

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