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Mulheres na linha de montagem
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Glaciais notívagos, meus cumprimentos. Hoje vou tocar apenas tangencialmente no nosso objeto aqui no blog – a noite, óbvio. É que teve uma situação aqui na Gazeta que me fez refletir sobre o que tenho visto já há algum tempo nas minhas peregrinações noturnas: em nome de um estereótipo de beleza disseminado pela indústria do entretenimento, da moda e dos cosméticos (e não pelos homens), as mulheres estão anulando suas características e ficando cada vez mais parecidas entre si. Todas querem ser loiras, de cabelos lisos, magras e siliconadas.

A tal “situação” a que me referi ali em cima é a seguinte: eu divido a bancada aqui no jornal com três mulheres, cada uma com um tipo de beleza diferente. Tem uma baixinha estilosa, meio indie; e duas de estatura mediana e cabelos cacheados (uma castanha avermelhada e de personalidade intempestiva e a outra, de cabeleira castanho-escura, totalmente zen, quase hippie). Pois não é que a segunda – a ruiva – apareceu hoje com os cabelos escorridos por uma escova progressiva? A primeira também já confessou que há anos faz escova praticamente todo dia. E a terceira, a meio riponga, informou que amanhã também vai se render à tal progressiva.

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Cláudia é mais bela que Vanessa?
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Protestei, e a primeira (a indie), reagiu me acusando de nunca publicar fotos dessas “belezas diferentes” na minha coluna. E o pior é que ela está parcialmente certa. Por uma simples razão: conforme o lugar – principalmente no circuito Batel –, é cada vez mais difícil encontrar mulheres que fujam do padrão “chapinha-luzes-silicone”. Isso quando não têm lentes de contato coloridas. As garotas muitas vezes são lindas, mas parecem saídas de uma linha de montagem: o mesmo cabelo, o mesmo corpo, as mesmas roupas e os mesmos acessórios. No circuito alternativo, mudam o cenário, o figurino e os personagens, mas a mesmice continua: franjas assimétricas, piercings, visual retrô, All Star, cigarro, tatuagens. Tudo igual, pasteurizado.

Quem foi que disse que cabelo liso é “bom”, belo e jeitoso, e cacheado é “ruim”, rebelde e desleixado? Que ser loira é melhor que morena ou ruiva? Que todos os peitos devem ter o mesmo tamanho e formato, como se saíssem de uma fôrma de pudim? Lógico que algumas “body” ou “hair modifications” são perfeitamente justificáveis – e até recomendáveis. Usado com moderação (e por quem realmente precisa), o silicone pode ser um grande aliado das mulheres, por exemplo. E em alguns casos (tipo as cabeleiras indomáveis) eu também sou obrigado a reconhecer a eficiência de uma escova progressiva, e o upgrade visual que ela proporciona. Mas há sempre que se observar o bom senso. Na minha modesta opinião, uma mulher autêntica, com personalidade, e que saiba valorizar os pontos fortes da sua beleza particular, chama muito mais a atenção do que belezas pré-frabricadas em salões de beleza e clínicas de estética. E vocês, o que pensam a respeito?

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Talvez vocês tenham estranhado o fato de os comentários não entrarem mais no ar assim que são enviados, como era até ontem (quinta-feira). Acontece que, para combater ataques de trolls (terroristas cibernéticos que só entram nos blogs para ofender e agredir, normalmente com linguagem de baixíssimo nível), desde a noite de ontem todos os blogs da Gazeta do Povo passaram a ter seus comentários mediados previamente. Ou seja, para um comentário entrar no ar, eu preciso lê-lo e autorizar a publicação.

A medida foi tomada em respeito à grande maioria dos leitores, que acessa os nossos blogs civilizadamente, e era obrigada a ler mensagens escabrosas de gente covarde, que se aproveita do anonimato da internet para destilar suas frustrações. Esse nem era muito o caso deste blog, os notívagos que participam aqui em geral conseguem expressar sua ideias e debater sem apelar para vocabulário chulo ou ofensas gratuitas.

E que fique claro: apenas nesses casos, e nos dos SPAMs, eu não vou autorizar a publicação. Sei conviver com críticas e acho extremamente saudável o contraditório, a defesa de ideias diversas e de múltiplos pontos de vista, e tenho ojeriza a qualquer tipo de censura. Portanto, de agora em diante os comentários vão demorar um pouco mais para entrar no ar, mas serão publicados na íntegra e sem qualquer edição, desde que não contenham linguagem de baixo nível, ofensas pessoais gratuitas ou SPAMs.

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