Seres da noite, como prometido, retomo hoje meus devaneios filosóficos sobre a noite em Curitiba. E quero começar discutindo uma prática que me intriga há tempos: o avançado horário das baladas nos dias de semana na cidade.
É fato que a capital do Paraná está mais cosmopolita, que já é possível encontrar bons programas em praticamente todos os dias da semana, mas de uma forma geral o horário das baladas é inviável para quem precisa acordar cedo no dia seguinte.
Aqui abro um parêntese para duas honrosas exceções: o Sheridan’s, onde nas segundas-feiras os shows do U2 Cover começam por volta das 21h30, e o Cabaret do Diogo Portugal às terças no Era Só O Que Faltava, que também é mais cedo.
Fora isso, raramente um show ou uma festa se inicia antes das 23h30, não importa o dia da semana. No Empório São Francisco, os tributos das segundas são sempre depois da meia-noite, estendendo-se até as 3, 4 horas da manhã.
A festa Caiu a Ficha, o famoso hip-hop das terças-feiras no John Bull Pub, também começa a bombar lá pelas 23h30, podendo ir até as 5 horas.
Na quarta, a mesma coisa: ontem eu pretendia ver o show do B-Negão, mas à 1h30 ele nem sequer tinha subido ao palco. Fiz as fotos da galera e fui embora, porque hoje de manhã eu precisava estar aqui no jornal.
A história se repete na Wood’s, no Crossroads, e em praticamente todos os bares e casas noturnas que abrem durante a semana. E por quê? Será que pegar balada em dia de semana é coisa de quem não tem o que fazer (pelo menos na manhã seguinte)?
Os donos das casas noturnas se defendem. Uma vez conversei sobre o assunto com Athos Vilarigno, proprietário da casa que leva o seu sobrenome, e ele disse que já tentou programar as baladas para mais cedo, mas não pegou: “As pessoas sempre chegam depois das 23 horas”, explicou.
E deve ser isso mesmo, porque toda vez que há alguma atração antes das 23 horas, os anúncios no rádio martelam (“chegue cedo, show a partir das 22 horas!”). Qual a sua teoria sobre esse comportamento suicida e contraproducente? A discussão está aberta…
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