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Celso Amorim diz que Trump é provinciano, mas troca autor de frase famosa (vídeo)
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É mais um dos grandes momentos da política brasileira que passaria batido, como mais uma entrevista de nariz empinado para a alta intelectualidade da qual nenhum de nós faz parte. Começa com aquele texto enorme enumerando cursos no exterior e títulos de livro que ninguém consegue entender direito e parte para uma entrevista com perguntas sob medida para que todos os envolvidos sintam-se acima da gentalha.

Enfim, a praxe do país de terceiro mundo, a intelectualidade de apartamento, a finesse de parque de areia antialérgica, aquele falso manto de refinamento intelectual que não resiste a meia hora de questionamentos lógicos ou realizações práticas. É o intelectual-artista que não vive sem a ajuda generosa da oligarquia e do coronelato criticados por estes rebeldes sem causa que querem parecer os grandes pensadores acima do bem – os pobres – e do mal – os outros ricos que não repetem o que eles mandam.

Foi então que o amigo Edson Aran salvou meu dia e, por que não dizer, a semana, ao apontar um deslize recorrente que passou batido aos olhos de toda essa massa de sabichões envolvida na nobre produção de noticiários com diplomatas, palavras difíceis e clichês: a citação errada. É algo do nível deste meme de Machado de Assis, que me fez rir por deliciosos minutos mesmo não tendo tanta graça.

Na entrevista intitulada “Brasil desperdiça chance de liderança diante do provincianismo de Trump”, o ex-ministro fala dos regimes de Cuba e da Venezuela.

Frase de Millôr Fernandes: o fato de eu ser paranoico não quer dizer que não esteja sendo perseguido, diz Celso Amorim. É repeteco: já havia dito a mesma frase para a mesma situação à Folha em 2009

Tanto a nova entrevista quanto a anterior seguem falando de assuntos sempre da alta esfera, com frases bem feitas, sem que nenhum dos intelectuais envolvidos perceba nenhum tipo de provincianismo na situação, nem mesmo citar a pessoa errada.

A frase em questão é de Joseph Heller, escritor e roteirista norte-americano. O curioso é que ele vivia justamente de criticar com muito humor corruptos, políticos e burocratas, sobretudo aqueles que fingiram ser mais inteligentes ou eruditos do que são.

A vida imita a arte ou a arte imita a vida? Jamais saberemos.

(P.S.: Escrevi este texto rebuscado, prolixo e pomposo porque, amores, até a zueira tem direito de ser brega numa sexta. Valeu!)

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