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O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão,  fala durante evento de lançamento da Árvore de Natal do Rio, que será inaugurada dia 1º de dezembro, na Lagoa Rodrigo de Freitas.
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, fala durante evento de lançamento da Árvore de Natal do Rio, que será inaugurada dia 1º de dezembro, na Lagoa Rodrigo de Freitas.| Foto:

Há bastante tempo a situação no Rio de Janeiro não é das melhores. A cidade continua linda, como diz a música, mas a podridão corre nas veias políticas da cidade e do estado. Nesta quinta-feira, o atual governador Luiz Fernando Pezão foi preso acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, pela Operação Boca de Lobo.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), além de ser engrenagem no sistema corrupto, Pezão também articulou todo um mecanismo com a saída do ex-governador Sérgio Cabral, de quem era homem de confiança.

Em valores corrigidos, há provas documentais de pagamentos de mesada de quase R$ 40 milhões entre 2007 e 2015. Isso demonstra patrimônio incompatível com o declarado pelo governador à Receita Federal.

Segundo Alexandre Camões Bessa, delegado federal, as apreensões desta quinta-feira deixam claro a ligação de Pezão com a corrupção endêmica no estado.

“O material apreendido robusteceu a prova e formou a nossa convicção a respeito da real participação do atual governador do estado na organização criminosa do antigo governador Sérgio Cabral”, discorre o delegado.

A Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, se pronunciou sobre a situação dramática do Rio de Janeiro, na qual um governador no exercício de seu mandato, acaba preso por corrupção.

Segundo Dodge, os crimes são gravíssimos dentro de um esquema que ainda não acabou.

“O patrimônio público é composto por impostos pagos por todos e a corrupção desvia recursos públicos em um ato de apropriação daquilo que forma o patrimônio coletivo. Por isso esse crime tem que ser combatido com a ênfase necessária para fazer cessar. A [Operação] Lava Jato no Rio tem empreendido esforços enormes para conter o esquema criminoso que se instalou naquele estado”, disse Dodge aos jornalistas.

Corrupção desenfreada

Outro fato que entristece o povo do Rio de Janeiro é justamente ver o quarto governador eleito desde 1998 preso por corrupção. Pezão é o primeiro preso no exercício do cargo. Os outros são Sérgio Cabral, Anthony Garotinho e Rosinha Matheus, presos quando fora do exercício dos mandatos.

Sérgio Cabral foi preso em novembro de 2016, suspeito de receber propina para a conceder obras públicas. Atualmente segue detido na penitenciária Bangu 8. Todas suas condenações somam 170 anos e 8 meses de prisão, sem contar processos em que ainda é réu.

Anthony Garotinho foi preso três vezes em um ano, entre 2016 e 2017. Na primeira vez, sobre esquema de compra de votos envolvendo programa social dele. Depois, ao ser condenado por fraude eleitoral. Ainda, há cerca de um ano, quando foi preso com a mulher, Rosinha Matheus.

E os problemas não param no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio. Nos últimos tempos foram presos todos os presidentes da Assembleia Legislativa entre 1995 a 2017 (Sérgio Cabral, Jorge Picciani e Paulo Melo); bem como 10 dos 70 deputados estaduais (Jorge Picciani, Paulo Melo, Edson Albertassi, Coronel Jairo, Luiz Martins, Chiquinho da Mangueira, André Corrêa, Marcelo Simão, Marcos Abrahão e Marcus Vinícius Neskau).

Além disso, foram presos cinco dos seis conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (Aloysio Guedes, Domingos Brazão, Marco Antônio de Alencar, José Gomes Graciosa e José Maurício Nolasco); e o Procurador-Geral do Ministério Público Estadual (Cláudio Lopes).

Conversei nesta quinta-feira com o escritor Tom Cardoso, que está lançando o livro “Se não fosse o Cabral – a máfia que destruiu o Rio e assalta o País”. A obra fica até como dica para entender todo esse mecanismo corrupto no Rio de Janeiro, e o próprio autor lembra da íntima ligação entre os governadores presos, como numa verdadeira engrenagem criminosa.

“O curioso de toda essa história do Pezão, é que ele é cria dos governos Garotinho, com a Rosinha, e Cabral. Quando há rompimento entre Cabral e o clã Garotinho, Pezão vira-se totalmente ao lado de Cabral, sendo seu braço direito como vemos na investigação”, relembra.

Pezão ficará preso em um sala especial na Unidade Prisional da PM, em Niterói, pela prerrogativa de seu cargo. Trata-se da sala do Estado Maior, uma cela com status diferenciado. Francisco Dornelles, aos 83 anos, assume o governo do Rio interinamente. Em entrevista à Globonews disse que o que ocorreu é uma “violência contra Pezão”.

Que tal vendermos todos os prédios públicos do Rio e pagar as dívidas do Estado? Afinal, todos os grandes políticos do estado estão passeando pelos presídios e poderiam dar expediente por lá.

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