O Brasil e outros cinco países – Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Paraguai – decidiram suspender a participação na Unasul, organização governamental que reúne os 12 países da América do Sul. O motivo do impasse é a dificuldade da entidade em escolher um novo secretário geral, para ocupar um posto que está vago desde fevereiro do ano passado.
O países que anunciaram a suspensão indicaram para a vaga o argentino José Otavio Bordon. Mas a Venezuela é contra a escolha desse nome, e nisso tem o apoio de Bolívia, Equador e Suriname. Como as decisões da Unasul são sempre tomadas em consenso, chega-se então a esse estágio de paralisia.
A Unasul foi fundada em 2008, época em que o Brasil e grande parte dos seus vizinhos tinha presidentes de esquerda – Luiz Inácio Lula da Silva, Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Michelle Bachelet (Chile) e Néstor Kirchner (Argentina).
Segundo o professor de Relações Internacionais José Romero Pereira Júnior, da Universidade Católica de Brasília, a mudança ideológica vivida pelo continente nos últimos tempos tem peso decisivo na atual inoperância da Unasul. “Entender o que acontece hoje passa por entender que houve uma mudança em vários desses países. Uma mudança de percepção política, inclusive no Brasil, o que diminuiu a convergência em torno do projeto e diminuiu também, ou aumentou a rivalidade de percepções dentro da região”, apontou.
No entanto, para o professor, o fato de a Unasul ter sido fundada em uma época em que a esquerda era predominante no continente não faz com que a instituição só possa ter funcionalidade quando governantes dessa ideologia estiverem no poder.
“Essa crítica acaba se focando num aspecto que é muito conjuntural, que é o momento de criação da Unasul, e perde de vista o que a Unasul tem de mais estruturante, que é justamente consolidar na região, na América do Sul, um fórum de concertação em que o Brasil pode ter relevância e liderança efetiva”, declarou Pereira.
-
Relatório americano expõe falta de transparência e escala da censura no Brasil
-
“A ditadura está escancarada”: nossos colunistas comentam relatório americano sobre TSE e Moraes
-
Jim Jordan: quem é campeão de luta livre que chamou Moraes para a briga
-
Aos poucos, imprensa alinhada ao regime percebe a fria em que se meteu; assista ao Em Alta
Ex-desembargador afirma que Brasil pode “se transformar num narcoestado”
Contra “sentença” de precariedade, estados do Sul buscam protagonismo em negociação sobre ferrovia
Câmara de São Paulo aprova privatização da Sabesp com apoio da base aliada de Nunes
Lula afaga o MST e agro reage no Congresso; ouça o podcast
Deixe sua opinião