Nem no devaneio mais insano o romancista Victor Hugo, autor de ‘Notre-Dame de Paris’, obra que imortalizou a figura do Quasímodo da catedral apaixonado pela cigana Esmeralda, imaginou que um dia a icônica igreja francesa teria triste destino.
As chamas que consumiram a Catedral de Notre-Dame foram transmitidas ao vivo pelas emissoras de televisão e pela internet em 2019. Mas comecei o texto falando sobre Victor Hugo, afinal o romance que tem a igreja como cenário foi criado justamente para preservá-la.
A ideia era sensibilizar o público para a necessidade de conservar a Catedral. E o alvo foi certeiro, pois conseguiu fazer com que a sociedade francesa olhasse com mais carinho para as construções de época pré-Renascentistas, sendo melhor conservadas.
Ou seja, a Catedral de Notre Dame, desde o olhar de Victor Hugo, mostrava-se não ser ‘apenas uma igreja’, mas sim o símbolo erguido de toda a história da França.
Desde o início de sua construção, no século 13, no meio da Île de la Cité, uma ilhota no meio do rio Sena, Notre-Dame testemunhou muita coisa.
A Catedral viu nascer 80 reis e cinco repúblicas. Nela, em 1431, Henrique 6º foi coroado rei da França aos dez anos, com frágil saúde. Muitos anos depois, em 1804, foi cenário da ‘auto-coroação’ de Napoleão Bonaparte.
Sobreviveu à Revolução Francesa e viu Hitler marchar com firmeza durante a Segunda Guerra Mundial.
Para os religiosos, mesmo longe de ser a igreja mais antiga ou mais importante, guardava preciosos registros. O padre Jean-Marc Fournier, revestido de uma coragem ímpar, com o prédio em chamas conseguiu resgatar a coroa de espinhos, um dos cravos usados na crucificação de Cristo e um fragmento da cruz. Tesouros importantíssimos para os católicos, sobretudo bem na Semana Santa.
Ou seja, também era a Catedral uma obra de arte por dentro e por fora. Os esforços para a reconstrução já começaram com doações milionárias. Que sirva para todos entenderem que a história precisa ser preservada, pois centenas de anos podem ser consumidos em segundos.
Impossível não ver o que ocorreu na Catedral e não lembrar do lema da Ordem dos Cartuxos, a Ordem de São Bruno, surgida na França do século 11: “Stat Crux dum volvitur orbis”, em português, “A Cruz permanece intacta enquanto o mundo dá voltas”. Exatamente como ocorreu em Notre-Dame.
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