Os 7 anões da propaganda política terão menos tempo que Enéas

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Agora que o cenário da corrida presidencial está mais claro, já podemos pensar no próximo passo: a campanha propriamente dita.

Segundo a justiça eleitoral, na disputa deste ano, a propaganda eleitoral passa a ser permitida a partir de 16 de agosto. Isso inclui comícios, carreatas, distribuição de material gráfico e propaganda na Internet (desde que não paga), por exemplo.

Mas hoje vamos falar especificamente do horário eleitoral em rádio e televisão.

A propaganda eleitoral gratuita terá início em 31 de agosto (37 dias antes das eleições) e terminará no dia 4 de outubro. O período foi reduzido de 45 para 35 dias.

Na distribuição do bolo, mais da metade – ou seja – sete dos treze presidenciáveis, mal terão tempo para respirar no microfone, com menos de 15 segundos no ar.

A Gazeta do Povo trouxe reportagem sobre esse assunto, com o título: “Os 7 anões do horário eleitoral: os candidatos que terão tempo ‘padrão Enéas’”, em alusão aos curtos inserts que o candidato do extinto Prona tinha, em que era possível apenas dizer o bordão: “Meu nome é Enéas!”

Nessa situação, por exemplo, está Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas no cenário em que o ex-presidente Lula não figura. Ele terá somente 9 segundos para falar em cada bloco do horário eleitoral fixo.

Seguem nessa situação Guilherme Boulos (PSOL), Cabo Daciolo (Patriota), José Maria Eymael (DC), Vera Lúcia (PSTU), João Goulart Filho (PPL) e João Amoêdo (Novo).

Para Roberto Gondo, professor de Comunicação Política e Governamental do Mackenzie, esses anões da propaganda necessitarão usar outros artifícios para estarem na mídia.

“Os candidatos que têm pouco tempo de TV, abaixo dos 15 segundos, deverão usar isso para fazer alguma provocação para sua chamada e transitar nas redes sociais e pílulas nas web. Bolsonaro, Marina e candidatos menores farão isso. Nem tanto por acreditarem na internet, mas sim por ser o que têm disponível”, explica

Na somatória, PSDB, PT e MDB têm cerca de 85% do tempo de propaganda. Somente Geraldo Alckmin, por formar a coligação que elegeu mais deputados na eleição anterior, vai ficar com a fatia grossa de 5 minutos e 34 segundos em cada bloco de 12 minutos e 30 segundos.

Depois vem o PT de Lula com 2 minutos e 24 segundos e o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), com 1 minuto e 56 segundos.

Mas, segundo o professor de Comunicação Política, ter muito tempo de exposição pode ser um tiro no pé, se o candidato não for bem preparado.

“Os candidatos que têm mais tempo, se não conduzirem bem, ficam frágeis, pois expõe situações que mostram ser ‘candidatos mais do mesmo’, causando desinteresse do eleitor. PSDB, MDB e PT precisam prestar atenção nisso”, diz.

As regras mudaram para os partidos nanicos nas eleições deste ano. Até 2014, esses partidos usavam da regra que determinava que um terço do horário eleitoral fosse dividido igualmente entre todos os candidatos a cargos executivos.

Apenas os outros dois terços eram divididos pelo tamanho das bancadas dos partidos ou de suas coligações na Câmara Federal.

Agora, o cenário mudou e só 10% do tempo é dividido igualmente entre os candidatos. Todo o restante é dividido na proporção do número de deputados eleitos. Apenas os seis maiores partidos de uma coligação são considerados nos cálculos.

Para fechar, vamos aos números absolutos de cada candidato:

– Geraldo Alckmin (PSDB, DEM, PP, PR, PSD, SD, PRB, PTB e PPS) terá 5 minutos e 34 segundos além de 62 inserções de 30 segundos;
– Lula (PT, PCdoB, PCO e PROS) terá 2 minutos e 24 segundos e 27 inserções de 30 segundos;
– Henrique Meirelles (MDB e PHS) terá 1 minuto e 56 segundos com 22 inserções de 30 segundos;
– Ciro Gomes (PDT e Avante) terá 40 segundos e 8 inserções de 30 segundos;
– Alvaro Dias (Podemos, PSC e PRP) terá 37 segundos e 8 inserções de 30 segundos;
– Marina Silva (Rede e PV) terá 21 segundos e 4 inserções de 30 segundos;
– Guilherme Boulos (PSOL) terá 14 segundos e 3 inserções de 30 segundos;
– Jair Bolsonaro (PSL e PRTB) terá 9 segundos e 2 inserções de 30 segundos;
– Cabo Daciolo (Patriota) terá 9 segundos e 2 inserções de 30 segundos;
– José Maria Eymael (DC) terá 9 segundos e 2 inserções de 30 segundos;
– Vera Lúcia (PSTU) terá 6 segundos e 1 inserção de 30 segundos;
– João Goulart (PPL) terá 6 segundos e 1 inserção de 30 segundos;
– João Amoêdo (NOVO) terá 6 segundos e 1 inserção de 30 segundos.