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Comentários sobre o PIB do terceiro trimestre e perspectivas econômicas
| Foto: Mathieu Stern/Unsplash

Começo este texto dando minha visão de longo prazo sobre a economia brasileira, para além do curto prazo. As reformas econômicas realizadas no Brasil aumentaram nosso PIB potencial, o crescimento na produção interna de petróleo (aliado a algumas commodities) e a força do agronegócio brasileiro nos levam a crer que teremos expressivos superávits em nossa balança comercial. Esse movimento fortalece a moeda brasileira e tem consequências benéficas para toda a população, notadamente na ajuda que o fortalecimento da moeda propicia no combate à inflação. Além disso, a alta taxa de emprego aliada ao aumento da renda sugerem que o consumo pode continuar resiliente. Por fim, é fundamental ressaltar que a queda da taxa de juros em conjunto com novos marcos legais para os mercados de crédito e capitais sugerem vigorosa expansão do crédito para os próximos anos. Só com o Mais Garantias Brasil (novo marco de garantias, modernização dos registros públicos, aprimoramento das garantias agro e novo marco de securitização), espera-se uma expansão do crédito de R$ 100 bilhões ao ano pelos próximos dez anos.

O mundo passa hoje por um movimento de realocação do capital internacional. O capital sai de zonas de conflito e procura “portos seguros” para aportar. Além disso, a transição energética ganha força. O Brasil, com uma matriz energética majoritariamente limpa, tem tudo para se posicionar muito bem nessa nova realidade global. Energia limpa, possibilidades grandes de investimento em infraestrutura, reformas econômicas que solidificaram a economia brasileira e aumentaram nosso PIB potencial, inflação sob controle e indo para a meta, excedentes na balança comercial e posição geográfica longe de zonas de conflito internacional, tornam o Brasil o grande porto seguro do investimento internacional. A longo prazo, as expectativas sobre a economia brasileira são positivas.

No que se refere ao curto prazo, o IBGE divulgou o resultado do PIB do 3º trimestre de 2023, foi um crescimento de 0,1% na atividade econômica. O PIB de 2023 será próximo de 3%, mas o segundo semestre será de desaceleração na atividade econômica. Dos números anunciados pelo IBGE, chama a atenção a queda na formação bruta de capital fixo. Isso, aliado à queda no investimento direto estrangeiro, sinaliza um problema relacionado ao ambiente de negócios que precisa ser melhor compreendido. Talvez as incertezas ao redor da reforma tributária, em vias de aprovação no Congresso Nacional, estejam postergando alguns investimentos. Talvez os empresários estejam aguardando as novas regras tributárias para destravarem os seus projetos. Se esse é o caso, então esses indicadores devem melhorar tão logo a reforma seja concluída.

Não será surpresa se voltarmos a ter crescimento elevado: as reformas econômicas continuam gerando bons resultados, o nível de emprego está elevado, a taxa de juros está em queda, o mercado de crédito e capitais encontra-se em expansão e a inflação converge para a meta.

O Brasil executou nos últimos anos uma ampla série de reformas macroeconômicas (reforma trabalhista, teto de gastos, reforma da previdência, autonomia do Banco Central) que, aliadas às reformas microeconômicas (novo marco do saneamento, novo marco do gás, novo marco da cabotagem, novo marco de ferrovias, novo marco de securitização, aprimoramento de garantias do agronegócio, modernização da legislação de registros públicos, novo marco de garantias, novo marco cambial, concessões e privatizações, abertura econômica, etc.), aumentaram estruturalmente a produtividade da economia brasileira com resultados positivos sobre o crescimento sustentável de longo prazo. Em outras palavras, o PIB potencial da economia brasileira aumentou graças à intensa agenda de reformas econômicas.

Claro que existem riscos externos para o ano que vem. Guerras e taxas de juros elevadas continuam jogando muita pressão na economia mundial. Contudo, em minha opinião, o sucesso econômico do Brasil no ano que vem depende apenas de nós mesmos. A agenda de reformas continua dando resultados, o emprego bate seguidos recordes e a renda da população cresceu. Além disso, a produção interna de petróleo está em trajetória ascendente, o agro continua forte, e tudo nos leva a crer que teremos fortes superávits comerciais, o que tende a apreciar nossa taxa de câmbio, ajudando no combate da inflação. A inflação segue para a meta, e aos poucos os estudos acadêmicos comprovarão o aumento do PIB potencial. O único desafio interno da economia brasileira é o lado fiscal. O gráfico abaixo ilustra meu ponto.

O Gráfico acima usa dados do Tesouro Nacional. Mas, seguindo o exemplo adotado pelo Banco Central, não incluímos no resultado primário de setembro de 2023 os R$ 26 bilhões em decorrência das apropriações dos valores do PIS/PASEP contas individuais. Esse é o motivo de os valores de setembro e outubro de 2023 do gráfico acima estarem diferentes dos dados originais do Tesouro Nacional. Diferenças metodológicas à parte, o resultado acima chama a atenção. Em out/22, o resultado acumulado era positivo em R$ 89,8 bilhões. Em out/23, esse resultado foi negativo em R$ 111,3 bilhões.

Se pegarmos a arrecadação acumulada entre janeiro e outubro de 2023, e compararmos com o mesmo período de 2022, veremos que, em valores reais, a arrecadação está praticamente constante. De acordo com o relatório da Receita Federal: “A arrecadação total das receitas federais alcançou R$ 1,907 trilhão no acumulado entre janeiro e outubro de 2023. Esse resultado representa elevação de 3,88% em termos nominais e retração de 0,68% em termos reais (já descontada a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo — IPCA) em comparação a igual período do ano passado, quando o montante atingiu R$ 1,836 trilhão (valores em preços correntes)”. Isto é, não podemos atribuir o resultado fiscal à queda de arrecadação.

Em 2024, o Brasil tem tudo para ter um bom desempenho econômico. Não será surpresa se voltarmos a ter crescimento elevado: as reformas econômicas continuam gerando bons resultados, o nível de emprego está elevado, a taxa de juros está em queda, o mercado de crédito e capitais encontra-se em expansão e a inflação converge para a meta. Além disso, os superávits comerciais continuarão a pressionar pelo fortalecimento de nossa moeda. Se o Brasil conseguir melhorar o quadro das contas públicas, não será surpresa termos um crescimento econômico expressivo ano que vem.

Atualização

O título deste artigo foi trocado. Antes estava "Por que 2024 deve ser um bom ano para a economia brasileira".

Atualizado em 08/12/2023 às 09:39
Conteúdo editado por:Bruna Frascolla Bloise
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