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As pesquisas de opinião são unânimes ao mostrar que a reprovação do presidente da República supera a aprovação hoje: 53,7% contra 45,4% na Atlas/Intel; 54% contra 40% na Ipespe; 55% contra 39,2% na Futura Inteligência; 57,4% contra 39,2% na Paraná Pesquisa; 57% contra 40% na Genial/Quaest; 53% contra 41% na Poder360; 55% contra 40% na Ipec; e 55% contra 40% na CNT/MDA. Segundo o PoderData, para 45% das pessoas Lula é pior que Bolsonaro; apenas 30% acham o petista melhor que seu antecessor. De forma específica, Lula perde apoio no Nordeste, entre mulheres, pobres e eleitores fiéis.
Nas universidades federais, tradicionais redutos do PT, o descontentamento e os protestos estão aumentando. O governo federal bloqueou o desembolso de 39% do orçamento, e a decisão foi apelidada de “decreto do apagão”. Lula teve de fazer uma reunião com os reitores para acalmar os ânimos. Alunos e professores estão se aproximando de outros partidos do mesmo espectro.
Alas ainda mais extremistas estão criticando o governo pelo arcabouço fiscal, pelo Plano Safra (com R$ 400 bilhões para grandes e médios produtores), pela taxa Selic alta (mesmo que a decisão seja responsabilidade do Banco Central) que incentiva o rentismo, por querer explorar o petróleo na Amazônia e por não ser mais agressivo contra o “neoliberalismo”. O líder do MST João Pedro Stedile criticou o aumento do valor dos imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida. Passarinhos dizem que Lula está considerando colocar Guilherme Boulos no governo para aplacar essas críticas.
Estamos assistindo a uma enxurrada de críticas e de arrependimentos por parte de apoiadores antigos e recentes de Lula
Recentemente, Paulinho da Força (Solidariedade) declarou que não apoiará Lula em 2026. O deputado Pedro Lucas, lider do União Brasil, recusou o convite para ser ministro das Comunicações. O Centrão está cada vez mais abandonando o governo e negociando com a oposição.
Até a mídia mais próxima ao governo tem dificuldade em defendê-lo. A nomeação de Cristiano Zanin para o STF, ainda em 2023, pegou mal. Até Míriam Leitão teve de criticar a escolha. Janja cria constrangimento o tempo todo; na maioria das vezes as críticas ficam nos bastidores, mas às vezes elas aparecem. Octavio Guedes foi um dos que a criticaram abertamente. Em 2023, um levantamento do Ranking dos Políticos mostrou que os editoriais dos jornais Folha de S.Paulo, O Globo, O Estado de S.Paulo e Gazeta do Povo foram, de 66,5% a 84% das vezes, críticos ao governo.
Alguns apoiadores famosos estão agora recuando, Armínio Fraga não se arrepende, “mas esperava mais”; Elena Landau, em 2024, não tinha mais boas expectativas sobre 2025; Henrique Meirelles agora se mostra mais cético, falando que Lula sinalizou alta dos gastos desde a campanha eleitoral, que ele não vai mudar, e que está seguindo a política econômica de Dilma.
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Na Faria Lima muitos também mudaram de ideia. Recentemente, Luis Stuhlberger, CEO da gestora Verde Asset Management, disse que se penitenciava “por ter acreditado que PT teria seriedade fiscal”. De modo mais geral, uma pesquisa no fim de 2024 mostrava que 90% do mercado financeiro se dizia pouco o nada satisfeito com esse governo. E que o leitor não caia no erro de pensar que a Faria Lima não apoiou Lula em 2022.
Nas redes sociais, a imagem do governo também anda de mal a pior. Nos primeiros cinco meses de 2025, Lula perdeu 1 milhão de seguidores; 79% das menções foram negativas.
Estamos assistindo a uma enxurrada de críticas e de arrependimentos (sem contar aqueles que não admitem publicamente). E aqui nem estamos falando da oposição e de quem sempre foi contra, mas de apoiadores antigos e recentes.
Em parte, isso é normal; todos os governos passam por isso. Ser oposição e criticar é mais fácil; governar, propor e fazer é mais difícil, e inevitavelmente causa insatisfações. Em parte, isso ocorre porque 97% do orçamento é engessado e não deixa muita margem para o governo agir. Em parte, isso deriva do fato de que no presidencialismo de coalizão é preciso fazer várias concessões e, em um país grande, com vários poderes fortes, ninguém governa sozinho. Mas, em grande parte, isso é “mérito” deste governo e deste presidente em específico.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos




