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Cientista político Adriano Gianturco falou com exclusividade ao Imprensa Livre de Alexandre Borges
Cientista político Adriano Gianturco falou com exclusividade ao Imprensa Livre de Alexandre Borges| Foto: Divulgação

Por Guilherme Macalossi

O objetivo maior da ciência política é entender como a política em si funciona. Explicação previsível? Não no Brasil. Adriano Gianturco, professor do IBMEC de Minas Gerais e PhD em Teoria Política e Econômica, tem desenvolvido um grande esforço intelectual para explicar não como a política deveria ser, mas como ela é. Nesse sentido, publicou recentemente o livro “A Ciência da Política - Uma Introdução”.

Em entrevista para o “Imprensa Livre”, Gianturco afirmou que há sim boa ciência política no país, mas que ela é “minoritária”. Ele também examinou a diferença existente entre esse ramo do conhecimento e como ele se confunde com a filosofia política:

“A diferença entre a filosofia política e a ciência política é, resumidamente, o seguinte: a filosofia política fala mais de como a política, a sociedade, a economia, deveria ser, deveria funcionar. (…) E a ciência política se limita a falar de como a política é de fato, como funciona de fato. Sendo assim, (…) existe, obviamente, um leque de fenômenos maiores sobre os quais tem um certo consenso de como as coisas funcionam. Depois, obviamente, como as coisas deveriam funcionar voltam a ter diferentes posições. Os cientistas políticos também, obviamente, se posicionam como deveria funcionar, mas primeiro se faz um diagnóstico e depois se faz um prognóstico.”

Esse cuidado, diz Gianturco, é comum na Medicina, onde a receita de um remédio só é prescrita pelo médico após o exame do paciente. “As pessoas tendem a ser cheias de opiniões e vazias de conhecimento”, provoca.

Questionado por Alexandre Borges sobre como a ciência política explicaria a mudança de comportamento da sociedade brasileira, que elegeu quatro governos de esquerda para depois eleger um de direita, Gianturco responde que isso é normal e que o “Teorema do Eleitor Mediano” ajuda a compreender essa mecânica:

“A maioria dos eleitores, dependendo dos países, (…) se distribui numa curva normal, numa distribuição normal, gaussiana, ou seja: no meio do espectro político. É verdade que nós temos extremistas de direita e de esquerda, e, às vezes, parecem muitos porque são exatamente minorias barulhentas. (…) A maioria das pessoas tem uma posição intermédia, moderada e mediana. Ou seja: ela quer algo razoável. Ela quer menos burocracia, mas talvez não quer um livre mercado total, quer uma certa presença do estado (…), programas sociais, mas não quer, talvez, um totalitarismo e um estado autoritário. (…) Então o que acontece? Esse eleitor mediano, que é basicamente o eleitor que divide o eleitorado entre 50% e 50% do outro lado, obviamente, é dinâmico. Muda ao longo do tempo. Às vezes pode ficar mais à esquerda, as vezes pode ficar mais a direita. O Brasil (…) elegeu presidentes diferentes, mas não é o mesmo Brasil. Ou seja: as pessoas mudam, as pessoas morrem, as pessoas nascem.”

Assista a íntegra da entrevista de Adriano Gianturco ao “Imprensa Livre” e saiba mais sobre outros assuntos relacionados como as vertentes do governo Bolsonaro e as diferentes tonalidades da direita política.

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