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Já são oito os ex-presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF) que estão de acordo com os ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia para haver um código de conduta para os integrantes da corte.
Como vocês sabem, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) não está acima do Supremo. Só quem está acima é o Senado Federal, que ultimamente tem se colocado abaixo por causa de presidentes como Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Davi Alcolumbre (União-AP). Segundo a Constituição, o Senado é que julga desvios de ministros do Supremo.
A Lei Orgânica da Magistratura também tem seu código de ética, mas que a gente não está vendo ser seguido. Existe um contrato de R$ 129 milhões, pagamentos de R$ 3,6 milhões para mulher de Alexandre de Moraes. Isso é suficiente, não precisa de adjetivo. É falta de ética, assim como as decisões de Dias Toffoli, só para citar dois casos.
Agora, o ex-ministro Celso de Mello, que já foi presidente do STF e seu decano, se manifesta por escrito, escrevendo um artigo no jornal O Estado de S.Paulo. “Democracia começa pela ética de juízes” – no dia de Natal, ele escreveu isso e disse que é necessário um código de conduta. Que é uma medida “moralmente necessária e institucionalmente urgente”.
É o Celso quem está dizendo isso. “Na democracia se exige não só juízes honestos, mas regras claras que impeçam qualquer aparência de favorecimento, dependência ou proximidade indevida com interesses privados e governamentais.”
Moraes foi convidado por Vorcaro para jantar em mansão de R$ 36 milhões em Brasília
O jornalista Lauro Jardim, no jornal O Globo, informa que Alexandre de Moraes foi um dos 20 convidados, todos homens, por Daniel Vorcaro, para um encontro amistoso em uma mansão de R$ 36 milhões no Lago Sul, em Brasília, quando o Banco Master já pagava R$ 3,6 milhões por mês para o escritório de advocacia da família Moraes.
Quem mais, além de Fachin e Cármen estão apoiando um código de conduta: César Peluso, Marco Aurélio Mello, Carlos Veloso, Ayres Brito, Rosa Weber. Gilmar Mendes é contra, já disse que não precisa.
Eu já disse: não precisaria se a pessoa tivesse um código de conduta na medula, posto pela família, pelos pais, quando ainda criança. Isso é uma questão de formação, que vem de casa.
Vejam só: quem recebeu favores, viagens em jatinhos, patrocínios de Vorcaro – e não eram poucos – deve estar assustado. Imagina se Vorcaro falar, se contar tudo para se livrar de alguma forma.
Se Galípolo decidir falar mais sobre conversas com Moraes...
Eu fico pensando: Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, fez uma nota muito cautelosa, diplomática, para falar sobre a possível pressão de Moraes no caso do Banco Master. “Falamos sobre Magnitsky em telefonema com Moraes”, ele disse, sendo que a nota de Moraes dizia “tratamos exclusivamente de Magnitsky”.
Moraes chegou a agir como porta-voz do escritório da mulher dele, dizendo que o escritório nunca tratou de assuntos do Master com o Banco Central. Mas estava ganhando R$ 3,6 milhões para quê, então? Imagina se o Galípolo decide falar mais.
Outra coisa que chama a atenção são essas agendas Moraes estarem sendo divulgadas agora, embora tenham acontecido antes. Esse jantar que citei, por exemplo, foi há um ano, mais ou menos.
Está se dizendo que a esquerda abandonou Moraes, ou o usou quando foi útil para anular Jair Bolsonaro. Agora que já se anulou Bolsonaro, ele tá sendo abandonado. Não sei se é isso, mas é o que eu tenho ouvido.
Você e eu somos avalistas de empréstimo de R$ 12 bilhões para os Correios
Para encerrar, os Correios tomaram um empréstimo de R$ 12 bilhões. Não é pouco. Banco do Brasil, Caixa Econômica, Itaú, Santander e Bradesco vão pagar 18% de juro ao ano. Dá um dinheirão: quase R$ 2 bilhões de juro ao ano. E quem é o avalista? Nós. Você. Eu também.
É o Tesouro Nacional, que guarda o dinheiro dos nossos impostos – esse é o avalista. Era muito mais fácil chamar o general Floriano Peixoto, que foi presidente dos Correios no governo Bolsonaro. Quando ele estava presidindo, os Correios davam lucro, tinham superávit.
Uma notícia boa: Brasil vira maior produtor de carne bovina do mundo
Vamos encerrar com uma notícia boa: nós somos agora campeões de produção de carne bovina no mundo. Um quinto, ou 20%, da carne produzida do mundo é brasileira, o que equivale a 12,35 milhões de toneladas.
Os Estados Unidos produzem 11,8 milhões de toneladas. Em terceiro lugar, vem a China, com 7,8 milhões de toneladas. A gente termina ao menos com uma notícia agradável nesse fim de ano.




