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Lula
Alexandre Garcia comenta os assuntos do dia, com destaque à preocupação de Lula sobre pesquisas de aprovação do seu governo e problemas relacionados à economia.| Foto: André Borges/EFE

O presidente Lula está preocupado com a falta de apoio popular. As pesquisas estão mostrando que a reprovação do governo é cada vez maior, e a aprovação do governo cada vez menor. Ele acha que é por causa da falta de apoio dos evangélicos, que é por causa dos empresários, por causa da Bolsa de Valores, do mercado... Acha que é por causa do Alexandre Padilha, que não se entende muito com os políticos, ou o Jean Paul Prates na Petrobras. Ou quem sabe seria ele próprio, não é?

Lula está sempre buscando outros responsáveis. Na verdade ele entrou em campanha eleitoral e foi eleito sem um programa de governo e sem dizer claramente o que faria. E agora a gente está vendo que ele está tentando fazer o que já ficou velho.

Poderia ser novidade lá no início deste século, no primeiro governo Lula. Agora o Lula 3 está mais perto de Dilma 2, e aí ele fica fazendo discurso religioso para ver se traz os evangélicos.

Também fica falando de colocar o Aloizio Mercadante na Petrobras para ver se resolve, fica xingando empresários... E, no entanto, o que a gente vê é que o preço dos alimentos subiu em 10 de 17 capitais pesquisadas. O preço dos alimentos está mais do que o dobro da inflação, o déficit público está crescendo, a dívida do governo também está crescendo, e a confiança do investidor caindo...

Não adianta o número de ministérios pular de 22 para 39. Isso não resolve. Tem ministro que não sabe o que está fazendo lá, então essa é uma questão.

A invasão da embaixada mexicana no Equador

Outra questão é que Lula se solidarizou com o presidente do México, Lopez Obrador, porque a polícia do Equador entrou à força na Embaixada do México para tirar de lá o ex-vice-presidente equatoriano, condenado em dois processos por corrupção, que estava lá desde dezembro. Ele não é um asilado político, ele é um praticante de crime comum, um crime de corrupção. Isso faz diferença nessa questão.

O Equador sim, passou por cima. Devia respeitar a autonomia da embaixada. Entrou à força na embaixada, e o embaixador mexicano tentou impedir. Mas a polícia equatoriana foi lá e recolheu o ex-vice-presidente. Só que ele está condenado por corrupção, ele não é um perseguido político. E isso foi agravado pelo fato de o próprio presidente do México, dias antes, ter insinuado que o assassinato de um candidato seria para favorecer o atual presidente Noboa, que ganhou a eleição da candidata de esquerda que estava sendo apoiada por Lopes Obrador lá do México.

Então tem todo esse caldo em torno do assunto. A Nicarágua rompeu relações com o Equador, e o México também. Enquanto isso, a Venezuela ameaça a Guiana, não é? Porque Maduro já anexou uma província, já botou no mapa, agora só falta entrar com as forças militares.

Então a gente tem que ficar de olho nas questões de fronteira, de soberania, e nas relações aqui da América do Sul mesmo.

O "quiproquó" entre Musk e Moraes

E só para terminar queria lembrar o "quiproquó" entre Elon Musk e Alexandre de Moraes. Elon Musk está batalhando contra a censura no Brasil. Ele está vivendo lá num país onde todo mundo é livre para expressar o que quiser. Aqui também, no Brasil também, a Constituição diz que é vedado qualquer tipo de censura política, ideológica ou artística. Está lá na Constituição, no artigo 220, parágrafo segundo.

Só que na prática está cheio de gente proibida de falar e ter voz na rede social. E é bom lembrar que não estão entendendo esse novo mundo digital, que deu voz às pessoas. As pessoas multiplicam suas vozes, ou melhor, põem suas vozes numa progressão geométrica usando as redes sociais que são a nova democratização da voz do povo, que é a origem do Poder. Sendo a origem do Poder, elas têm todo o direito, inclusive constitucional, de expressar seus pensamentos e sua opinião.

E todo mundo diz que no Brasil não há crime de opinião. Só que não.

De Madeira, no sul da Itália, Alexandre Garcia.

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