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Ministro a Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, em reunião na Câmara dos Deputados, 2 de julho
Ministro a Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, em reunião na Câmara dos Deputados, 2 de julho| Foto: Pablo Valadares / Câmara dos Deputados

O governo está fazendo uma limpeza necessária. Essa mudança em que se transformou aquele presidencialismo de coalizão ou de negociação, em que se dava um ministério para um partido.

Nessa época, o ministro obedecia ao partido e não ao presidente. Ele fazia o que queria com o ministério, usava estatais para encher o bolso e os cofres do partido. Agora, isso mudou. Há uma limpeza muito grande, tirando esse pessoal que aparelhou os ministérios. Ainda falta muito, mas já saíram uns 20 mil.

Tem gente que não saiu ainda do apartamento funcional a que tinha direito - tem uns 35, no mínimo, ainda aproveitando o apartamento que você e eu pagamos com o nosso imposto.

Lobby mais transparente

Tem a história do lobby em Brasília. A Lava Jato mostrou as conversas, os encontros com ministros, propinas, negociatas e liberações de decretos e medidas provisórias.

Está pronto o anteprojeto de um decreto presidencial feito por três ministérios, a várias mãos. Ele foi entregue pela Controladoria Geral da União à Presidência da República. Está tudo pronto.

O lobby vai ter que ficar muito transparente: quem é o lobista, qual é a empresa que ele representa, que encontro teve e com quem se encontrou dentro do governo.

Vai ter que ficar claro também se o encontro foi um almoço, se foi dentro de um ministério, em uma empresa pública, em um jantar, se foi um passeio de lancha, se foi uma viagem paga para Paris ou se deu algum presente.

Isso vai ter que ficar muito transparente a ponto de mais tarde nós, cidadãos, podermos consultar em um site especial da Controladoria Geral da União, para poder colocar no computador o nome da empresa e saber quantos contatos essa empresa teve com o governo e qual foi o motivo.

A origem disso é óbvia: as investigações da Lava Jato que mostraram esse uso e esse costume. Todo mundo achava que isso era normal, inclusive nós jornalistas. Eu cubro Brasília há 43 anos e senti que isso era rotina e considerado normal, mas na verdade não é, como essa mudança está nos mostrando.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, anunciou que em breve terá a relação de todas as obras paralisadas neste país. As relações com pagamentos e empreiteiras vão ser reveladas.

Um déja vu brasileiro

O Brasil é um país muito estranho. Na terça-feira (2), a gente teve um déjà vu. A gente viu na Câmara tudo que já tinha visto no Senado: um interrogatório do ex-juiz – atual ministro da Justiça – Sérgio Moro.

Isso com base em um produto de um crime, que seria o crime de violação das telecomunicações, que está previsto na Constituição, vindo do Judiciário, o que é grave.

O produto desse crime serve para interrogar o ex-juiz que condenou os corruptos na maior operação anticorrupção que o mundo conhece. Nós encontramos a maior corrupção que já houve neste país, neste hemisfério e nesse planeta. Foi uma coisa incrível. É uma inversão de valores.

A defesa do ex-presidente Lula, por exemplo, pede o afastamento do desembargador Thompson Flores, um homem da maior retidão de caráter, o maior dedicado à Justiça. Ele é presidente do Tribunal Regional Federal de Porto Alegre, o tribunal revisor.

A defesa já pediu o afastamento do ex-juiz de primeira instância, Sérgio Moro. Agora pedem o do presidente do Tribunal revisor. Daqui a pouco vão pedir o afastamento do Edson Fachin, porque ele é o relator da Lava Jato.

É uma inversão de valores, aquela inversão em que os Direitos Humanos protegem o bandido e não protegem a vítima. Depois o bandido tem vida boa na prisão.

Por esse motivo, está no plenário do Senado um Projeto de Lei mostrando que os presos teriam que trabalhar para ressarcir o Estado do prejuízo que dão. A gente paga as prisões.

Aliás, o presidente Bolsonaro disse que vai sancionar esse Projeto de Lei, se ele for aprovado. Na China, até a despesa do pelotão de fuzilamento é paga pela família do condenado.

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