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Caixa-preta que registra áudio na cabine não continha as conversas do voo que vitimou Eduardo Campos (FOTO: Reprodução / Força Aérea Brasileira)
Caixa-preta que registra áudio na cabine não continha as conversas do voo que vitimou Eduardo Campos (FOTO: Reprodução / Força Aérea Brasileira)| Foto:

A gravação das conversas dentro de uma cabine de avião é importante para a investigação de um acidente aéreo? Sim, muito importante. É essencial? Não necessariamente. Por isso, mesmo não sendo possível recuperar os dados de voz da caixa-preta do avião Cessna Citation 560XL Excel, que caiu em Santos na última quarta-feira (13), com o candidato à Presidência, Eduardo Campos, não significa que a investigação para determinar as causas do desastre esteja ameaçada.

Além da caixa-preta que grava o áudio (Cockpit Voice Recorder), há também a que registra as informações técnicas do voo (Flight Data Recorder). Caso não seja possível analisar esses dados, ainda assim é possível chegar às causas de um desastre.

O conteúdo das caixas-pretas é apenas um dos vários elementos que os investigadores de acidentes aéreos usam para chegar a conclusões finais. São analisados os mais diversos tipos de dados. Os destroços são fundamentais, e por mais que estejam em péssimas condições no caso do acidente com o Citation, serão de extrema valia para os investigadores, para determinar se houve alguma falha mecânica.

Caixa-preta de voz do Citation que levava Eduardo Campos

Caixa-preta que registra áudio na cabine não continha as conversas do voo que vitimou Eduardo Campos (FOTO: Reprodução / Força Aérea Brasileira)

Os registros de falhas anteriores da aeronave, de manutenção, também são levantados para compor o cenário do desastre. Além disso, há as testemunhas, que podem dar informações importantes para se fechar a sequência de eventos que levaram ao acidente. Tudo o que se imagina é levado em conta, inclusive aspectos psicológicos da tripulação.

Dito isso, não é o fim do mundo não ter o registro de áudio do voo. É algo que pode dificultar, mas não impossibilitar o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) de chegar às prováveis causas da queda em Santos.

É sempre bom citar um exemplo nessa linha. Lembrei rapidamente do acidente do voo 111 da Swissair, em setembro de 1998, que ia de Nova York a Genebra. O avião MD-11 caiu na Nova Escócia, na costa canadense, vitimando 229 pessoas.

Entre os destroços foram encontradas as duas caixas-pretas, porém ambas não haviam gravado os últimos 5 minutos 37 segundos do voo. Isso não impediu que os investigadores chegassem às causas do acidente. No caso, um fio que ficava próximo à cabine de comando pegou fogo e iniciou um incêndio que inutilizou os sistemas do avião, levando à total perda de controle.

Outro aspecto que vale ressaltar é que as caixas-pretas começaram a ser usadas no final da década de 1950. Isso significa que todos os acidentes antes disso tiveram de ser investigados sem dados do voo e registro de conversas na cabine. E mesmo assim, e sem o uso de tecnologia de ponta, era possível chegar-se às causas dos desastres.

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