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DIRETORA FALA SOBRE   “APIYEMIYEKI”?
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“Apiyeemiyeki?”,  novo filme de Ana Vaz e Akram Zaatari é um destaque da  Mostra Fórum Expanded desta 70ª edição do Festival de Berlim.

A Expanded é uma criativa seção que procura mostrar qual  o papel do cinema e da arte.   Instalações e filmes são dedicados a temas como migração, racismo, violência estatal, capitalismo, colonialismo, extrativismo, crise climática, medos do futuro, perda da história e muito mais. Mas, acima de tudo, eles também se referem a si mesmos como parte da estrutura mais ampla da qual emergiram.

No trabalho de Ana Vaz, é importante começar dizendo que  “Apiyemiyeki?”  significa “Por quê?” em Kiña, a língua do povo Waimiri-Atraori, como explicou a diretora  na entrevista que concedeu  à Gazeta do Povo, expressando sua satisfação por ele ter sido selecionado  para a Fórum Expanded, segundo ela, ideal e coerente com a proposta do filme.

“A Fórum Expanded é  uma mostra onde a forma de fazer e pensar cinema ainda pode respirar.  É preciso haver ar, movimento e pensamento no cinema.  É essencial haver mostras de cinema que buscam interrogar aquilo que o cinema pode ser, ao invés de afirmar aquilo ele deve ser”, destacou  explicando o cerne do filme.

“ Apiyemiyki?  documenta e interpreta uma rota de pesquisa que começa em Brasília e termina no Amazonas com enfoque na “Marcha Oeste”, projeto inaugurado na era Vargas, que visava a ocupação do centro-oeste e eventualmente da região Amazônica vista pelos Militares como um “vazio demográfico”.  O filme desenha uma viagem iconográfica de Brasília até ao Amazonas retraçando esta “marcha civilizatória” que tende a repetir o colonialismo passado revestido dos lemas de modernidade e “progresso”,  disse Ana  acrescentando também acreditar  que   Apiyemiyeki? dá continuidade a um longo processo de escavação da história da modernidade no Brasil que ela tem feito através dos seus  filmes.

“Particularmente através da sua síntese em Brasília, buscando desfazer a imagem “terra nullius” implícita no imaginário colonial e moderno.  Não existe utopia sem topografia, não existe construção sem memória”, ressaltou.

Quanto à receptividade que espera, ela afirmou que  é preciso atenção e escuta.

O cinema é sempre um lugar de transformações.  Cada projeção é uma experiência, uma espécie de ritual coletivo”, concluiu  sabiamente a talentosa diretora.

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