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IRÃ  LEVA URSO DE OURO
| Foto: IMDB

Na noite deste sábado  (29.02 ) em festa  de gala, o Festival de Berlim divulgou os vencedores dos Urso de Ouro e de Prata desta 70ª edição do evento.

Carlo Chatrian, Diretor Artístico e Mariette Rissenbeek  Diretora Executiva do festival deram início à cerimônia.

Após a divulgação  dos prêmios da Encontros,  Jeremy Irons, Presidente do Júri,  subiu ao palco acompanhado dos jurados para divulgação dos  prêmios da mostra oficial.

“There is no Evil”, do iraniano  Mohammad Rasoulof  foi  o grande  vencedor do Urso de Ouro.

O filme é composto de  quatro histórias  que questionam até que ponto a liberdade individual pode existir  em um regime totalitário.

O diretor não teve permissão para deixar o Irã e vir a Berlim acompanhar o seu filme.

“Estou muito feliz por este  prêmio, mas triste por nosso diretor não poder estar aqui hoje, mas falo em nome da equipe  e  isso é para ele...” disse a atriz Baran Rasoulof.

Durante a coletiva com a imprensa,  foi feita uma ligação de vídeo para o diretor, momento em que ele pode sentir a receptividade ao seu filme.

Emocionado, Rasoulof  disse que o filme é sobre pessoas se responsabilizando naquilo que  fazem em suas vidas, e como essa responsabilidade não pode ser passada para ninguem.

O Grande Prêmio do Júri foi para  “Never rarely sometimes always”,  de Eliza Ritmann.

“Agradeço a todos os profissionais que oferecem amparo a mulheres no meu país”, declarou a cineasta, numa referência ao tema do filme que trata de aborto.

Kleber Mendonça apresentou o prêmio de melhor diretor que foi para Hong-Sangsoo – em “The Women who ran”.

“Agradeço principalmente a  minhas duas atrizes”, disse o cineasta.

O prêmio de melhor atriz foi para Paula Beer em “Undine”, de Christian Petzold e de melhor ator para Elio Germano  pelo seu trabalho em    Hidden Away, de Giorgio Diritti.

“Favolacce”   ganhou o Urso de Prata  de melhor roteiro para  Damiano D’Innocenzo  e Fabio D’ Innocenzo. Os irmãos agradeceram um ao outro e dedicaram o prêmio para a família.

OUTROS PRÊMIOS

Prêmio de contribuição artística – DAU.Natasha, de Jurgen Jurges.

Prêmio especial Urso de Prata – Delete History, de Benoit  Deléphine e Gustave Kervern

Melhor filme da Encontros:  The Works and Days, de C. W. Winter e Anders Edstrom

Melhor diretor da Encontros:  Cristi Puiu com Malmkrog

Los Conductos, de Camilo Restrepo para filme de estreia (coprodução brasileira com a Colômbia).

Curta-metragem: Genius Luci, de Adrian Merigeau

Premio da Critica Internacional – Fipresci para:

- Mostra oficial: Undine, de Christian Petzold

- Encontros: A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos

- Panorama: Mogul Mowgli, de Bassam Tariq

- Fórum: The Tweentieth Century, de Matthew Rankin

Grande Prêmio do Júri Internacional da mostra Generation 14 Plus: Meu Nome é Bagdá,  de Caru Alves de Souza

Prêmio Teddy Bear –  filme de temática homossexual: No Hard Feelings, de Faraz Shariat

Prêmio de Audiência da Panorama ficção:  Father, de Srdan Goluybovic

Prêmio de Audiência da Panorama documentário: Welcome to Chechnya, de David France

Prêmio da Anistia Internacional:   Welcome to Chechnya, de David France

Prêmio Ecumênico: There is No Evil, de Mohammad Rasoulof

Tagesspiegel Reader’s:  Chico Ventana también Quisiera tener un Submarino, de Alex Piperno (coprodução brasileira com Uruguai Argentina Holanda Filipinas

BERLIM MANTEVE VIÉS POLÍTICO NA PREMIAÇÃO E NA TEMÁTICA

No lançamento da Berlinale ano passado Dieter Kosslick, –  em sua última gestão após 18 anos à frente do evento –  declarou:   “Às vezes a arte tem que ser política”.

E realmente foi o que aconteceu também nesta edição com nova direção. Quem esteve na Berlinale – 2020  assistiu a um contundente retrato da realidade. E sem pausas para respiros, já que em nenhum momento, a programação esteve morna, desinteressante ou sem espaço para reflexões.

Além do Urso de Ouro para  “There is no Evil”, o  evento manteve o viés social e político que caracteriza sua seleção, com muitos temas ligados ao mundo atual: abuso de poder, opressão do estado, lutas, guerras, condições desumanas de trabalho e denúncias de assédio, pedofilia e outras aberrações.

BRASILEIROS

O Brasil teve uma excelente participação, certamente a melhor dos últimos anos.  Esteve na mostra oficial com brilho, o brasileiro Kleber Mendonça Filho integrou o júri da mostra oficial e teve significativa presença em várias paralelas em produções e coproduções  sempre com casa cheia.

A coprodução brasileira com Uruguai Argentina Holanda Filipinas,

“Chico Ventana también Quisiera tener un Submarino”, de Alex Piperno ganhou o prêmio Tagesspiegel Reader’s.

Meu Nome é Bagdá

Como dito acima, o filme  de Caru Alves de Souza ganhou o Grande Prêmio do Júri Internacional da Generation 14 Plus.

O filme é inspirado no livro “Bagdá, o Skatista”, de Toni Brandão, onde conta a história de uma jovem de 17 anos chamada Bagdá.  Na trama, ela passa boa parte com os amigos skatistas.  Um dia Bagdá conhece Vanessa, outra skatista que se sente inspirada pela nova amiga.  Com o tempo, as duas encontram outras meninas skatistas e estreitam laços de amizade.

A Generation 14plus é voltada para jovens e o júri é formado por sete integrantes com idades entre 14 e 18 anos.

RESUMO

O lado negativo foi um pouco de desorganização em um festival conhecido por primar neste item.

Mas nada tirou o brilho desta edição.  Mais uma vez, Berlim deu um show diversidade e poder criativo do cinema com filmes fora do convencional e trazendo novas experiências de linguagem e narrativa.

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