• Carregando...
O ESTILO INCONFUNDÍVEL DE REICHARDT
| Foto: Maria Antônia Silveira Gonçalves

O destaque hoje da mostra oficial foi o diferente cinema de Kelly Reichardt, que apresentou “First Cow”, concorrente ao Urso de Ouro nesta 70ª edição do festival.

No seu estilo muito peculiar – humanista, silencioso, com atenção aos detalhes – Reichardt traz uma história que se passa no selvagem Oregon do início do século XIX.

Cookie Figowitz (John Magaro) é um cozinheiro habilidoso e tranquilo de Maryland. Ele viaja para o oeste para se juntar  a um grupo de caçadores de peles, mas só estabelece conexão verdadeira com o imigrante King Lu (Orion Lee). Logo os dois iniciam  um negócio de sucesso. Eles não ficam parceiros apenas nos negócios, mas  também na vida complementando os pontos fortes e fracos um do outro.

O filme tem vários pontos altos.  O diretor de fotografia Christopher Blauvelt, faz distinções dramáticas entre os verdes e azuis do noroeste do Pacífico e os marrons e cinzas das ruas sujas e barracos em ruínas.

O elenco dá o recado com competência, inclusive o veterano Rene Auberjonois como um eremita (o ator morreu em dezembro último).

Outro acerto é a  relação de Cookie com Lu e depois com a vaca com a qual  mantém conversas unilaterais enquanto a ordenha na calada da noite.

Na coletiva após a projeção – da qual participou a Gazeta do Povo – a diretora compartilhou um fato engraçado sobre essa  relação dele com o animal.

“A verdadeiramente adorável vaca do filme agora tem um bezerro e seu nome é Cookie”, disse rindo de sua própria revelação.

Reichardt contou também que o lendário cineasta Peter Hutton, a quem o filme é dedicado, costumava dar sempre o melhor retorno para ela.

“Quando mostrei para ele “Movimentos Noturnos” em 2013, ele disse apenas  – é um filme demais”.

“First Cow” não chega ao clímax emocionante de “Wendy e Lucy”, mas é um ótimo filme que sem dúvida tem todos os méritos para estar na disputa do prêmio máximo da Berlinale.

Na entrevista  Reichardt  compartilhou um fato engraçado.

“A verdadeiramente adorável  vaca do filme agora tem um bezerro e seu nome é Cookie”, disse rindo de sua própria revelação.

Perguntada como é ter uma vaca no elenco, ela brincou novamente:

“É como se fosse um ator como outro qualquer”, respondeu.

O faroeste é sempre mostrado do ponto de vista masculino e a diretora quis apresentar outra visão.

“Eu quis dar  uma nova forma ao faroeste, utilizando o ponto de vista das mulheres”, disse Reichardt, resumindo o que é o filme.

“First Cow” é sobre amizade, comunidade, relações com animais e como as pessoas se encaixam nessas comunidades”, concluiu.

O filme de Reichardt é um trabalho tocante,  honesto e muito bonito.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]