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O ESTILO RECORRENTE DE MING-LIANG
| Foto: Maria Antônia Silveira Gonçalves

“Days”, do cineasta de Taiwan  Tsai Ming-liang está concorrendo ao Urso de Ouro na mostra oficial desta 70ª edição do Festival de Berlim.

Realizado no estilo muito pessoal de Ming-liang – com planos demorados e lentos, isolamento, flagrantes de angústia e outros aspectos que costumam constar de sua obra – o filme é estrelado por Lee Kang-Sheng, ator de longa data de Tsai.

O filme foi bem recebido pelo público da Berlinale, onde Ming-liang, um diretor no auge de sua arte, tem um público fiel e seguidor de sua trajetória.

Seus roteiros, como explicou na coletiva com a imprensa,   são apenas instruções para as filmagens e sempre deixam espaço para improvisação.

“Não gosto de colocar diálogo para os atores, mas procuro me comunicar o tempo todo para que, quando estiverem em um ambiente, tenham ideia como irão  expressar  seus personagens”, ressaltou  o diretor destacando que as locações são como personagens.

“Os locais são muito importantes,   Eles têm coisas a dizer. Eu passo muito tempo observando.  Há coisas que não podem ser feitas artificialmente”, afirma.

Para ele, a crise no mercado de cinema de arte é mundial.

“Os espaços para filmes de arte têm diminuído em todo o mundo. Em Taiwan, os cinemas estão nos shopping centers. Na Europa, até os canais de tevê especializados se curvam à Hollywood. É preciso pensar em formas diferentes de fazer com que os filmes cheguem ao público”, analisa citando algumas estratégias para isso.

“Acredito que os filmes de arte não deveriam ser exibidos apenas nos cinemas e também  não podem ficar restritos ao circuito de festivais. Eles precisam ocupar outros lugares: museus, faculdades...”, diz o diretor que costuma promover muitos encontros nas universidades para mostrar e debater seus filmes.

Ming-liang acredita que cada  filme é uma experiência nova e, em cada projeto, gosta de imaginar formas de fazer com que a obra se torne mais forte.

“Acho importante estudar outros filmes. Quando cheguei a Taiwan, aos 20 anos de idade, entrei em contato com um cinema de invenção de arte. Isso me influenciou muito.  Acredito que fazer um filme é buscar imagens verdadeiras. Não é se preocupar com diálogos ou trama. Não gostaria  que o público veja meus filmes como entretenimento: eles são feitos para a reflexão”, ressalta.

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