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Depois de mais de um mês procurando uma casa para alugar, eu, minha mãe e minha doberman Luma encontramos uma que parecia perfeita. Quintal para a cachorra, espaço para os humanos e uma boa localização: no Água Verde, um dos bairros com a maior concentração de prédios residenciais de Curitiba (e também de cachorros, gatos, dogwalkers, pet shops…).
— Era um banho e tosa aqui, disse uma das vizinhas no dia da mudança, há três semanas.
— Um pet shop?!
Olhei para a Luma, ainda presa, e percebi uma excitação fora do normal.
— Então é por isso que tem tanto pelo! Exclamou minha mãe quando contei a novidade.
Ela estava certa, era pelo para todo lado: nas janelas, grudados nas grades, no chão e, claro, no carpete de dois quartos. Corremos comprar um aspirador de pó, produtos para limpeza e começamos a nos divertir com os quilos de pelos que tirávamos dos cômodos. Minha mãe não achou muito divertido, preferiu colocar tapetes novos sobre os carpetes e contar ao maior número de pessoas as desvantagens de se morar em um ex-pet shop.
Eu não estava muito preocupada até o dia em que saí do meu quarto e dei de cara com um senhor segurando dois poodles, já no meio da nossa sala.
— Acho que aqui não é mais o banho e tosa, é?
— Não é não, moço.
E resolvi ensinar a Luma como se comportar na cidade grande e defender a propriedade privada.

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