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Mil dias pelas Américas: adeus Caxambu, alô Matutu e Visconde de Mauá
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Arquivo pessoal
Cachoeira dos Garcias em Aiuruoca, Minas Gerais.

Por: Ana Biselli e Rodrigo Junqueira

Pé na estrada para Aiuruoca e Vale do Matutu, ainda em Minas Gerais. Há vinte anos passava por aquele trevo prometendo entrar e finalmente, cá estamos! De Aiuruoca para o Vale são 17 km de estrada de terra. Saímos de uma pequena cidade e chegamos em um outro mundo. O Vale do Matutu é uma APA (área de preservação ambiental) em ótimo estado de conservação, boa parte de suas matas ainda em pé, uma rica fauna e flora. Dividem irmamente o Vale uma comunidade do Santo Daime e moradores que tem entre seus princípios a conservação do meio ambiente e a vida simples e não-consumista.

O resultado é delicioso, para quem visita: natureza e ser-humano convivendo harmonicamente. Vida bem mansa, ar puro, águas limpas, céu estrelado, sons de grilos ou de riachos. Sensação de segurança total. E de saúde também.

Arquivo pessoal
Ana no alto do Pico do Papagaio no Vale do Matutu, MG.

A estrada acaba no “Casarão”, uma antiga sede de fazenda que virou centro comunitário do Vale. Ali os carros dos visitantes devem ficar. Mais para dentro, apenas moradores.
Nos dias seguintes, aproveitamos para caminhadar e visitar as cachoeiras no Matutu.

Lá no Casarão sempre está o Lázaro. É ele quem organiza os guias para os turistas. Ele e quase todo mundo aqui tem um rádio walk-talk. Cada um tem seu número. O alcance é o bastante para todo o Vale. É como se fosse o celular daqui, só que de graça (exceto pelas pilhas).

Assim, através do walk-talk, ele já arrumou um guia para nossa caminhada de amanhã, para o Pico do papagaio e para a caminhada de hoje, até a Cachoeira do Fundo. Tem esse nome porque é no fundo do vale. Fomos agraciados com uma guia, a Juana (fala-se Ru-ana), que é da comunidade do Santo Daime.

Além de nos guiar, ainda conversamos bastante sobre a comunidade e sobre a história do vale. O nome vem do Tupi Guarani. Quer dizer Cabeceiras das Águas (pela quantidade de nascentes na região). Ela nos disse também que o Casarão era a antiga sede da fazenda do Geraldão que faleceu num triste acidente (morreu queimado) há quase 20 anos. Seus herdeiros não quiseram continuar com a fazenda e a casa foi transforama num charmoso e marcante centro comunitário.


Paradas estratégicas para observar o Vale do Matutu.

Nosso segundo dia de caminhada é subindo morro, através de pastos e florestas. O visual é incrível, o tempo todo. sem exagero! Passamos por cachoeiras escorrendo por paredões e por um poço de águas claras e absolutamente geladas (a mais fria até hoje na viagem!). Eu e a Ana enfrentamos bravamente. O acesso ao poço (Lago Azul é o nome) é mais fácil através de um pulo do barranco.

Pouco mais de 4 horas de caminhada e vencemos os quase 800 metros de desnível para chegar ao Pico do Papagaio, com mais de 2.100 metros de altura. De lá é possível ver todo o vale e também os vales vizinhos. A Mandala e a Cachoeira do Fundo (que tem mais de 100 metros de altura!) ficam pequenininhos, lá embaixo. Bem ao longe, é possível ver as montanhas de Itatiaia, na fronteira com o Rio.

Aliás, esse era o nosso próximo destino. Depois da “singela” despedida do Matutu seguimos para Visconde de Mauá cruzando a Serra da Mantiqueira por estradas de terra que nem aparecem no mapa. A viagem é linda, cruzando montanhas e fazendas, vales e florestas, riachos e pastos. A paisagem não poderia ser mais bucólica. Aparentemente a estrada vai ser cascalhada. Por enquanto, tem trechos bons e outros precários, principalmente a descida da Serra Verde até Sto Antônio. Os quase 100 km foram vencidos em cerca de 3 horas, com pausas para fotos.

Arquivo pessoal
Abutres no Pico do papagaio no Vale do Matutu.

Na região de Mauá, após passarmos por Sto Antônio e Mirantão, e pelos Vales das Flores, Alcantilado e Pavão, seguimos para Maringá, onde se concentram a maioria dos hotéis e pousadas da região.

Nossos últimos dias em Mauá e em Itatiaia tiveram duas coisas em comum: foram muito interessantes e sem possibilidade de acesso á internet

No domingo, passeamos no Vale do Alcantilado em Mauá e percorremos uma trilha com nove cachoeiras. Depois, assistimos ao jogo do Brasil – afinal, aventureiros também são torcedores!

Para começar a semana na estrada, viajamos para o Parque de Itatiaia, mas não pudemos entrar no Parque pois já estava tarde. Na terça, subimos o Pico das Agulhas Negras e viemos para Passa Quatro, onde já agendamos uma longa caminhada até a Pedra da Mina, onde devemos acampar e dormir na noite do dia 23, a quase 2.800 metros de altitude. Mas essa já é uma outra história para o próximo post…

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