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A Curitiba de Bressane
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Para Bressane, Curitiba é saudade.

Curitiba é saudade e muito mais para o escritor paulista Ronaldo Bressane. Ele, que tem como prioridade o dormir, o onírico. Fora isso, é um sujeito 100% dedicado á escrita.

Já escreveu e publicou Os infernos possíveis (contos, 1999), 10 presídios de bolso (contos, 2001), O Impostor (poemas, 2002), Céu de Lúcifer (contos, 2003) e Cada vez que ella dice X (poemas, 2007).

Frequentador da Mercearia São Pedro, ponto de encontro da nova geração da prosa-poesia brasileira, tem boa digestão depois de Spaghetti à Bolañesa e Mojito, Germana, Jack Daniel’s e vinho de caixinha, e ainda mousse de chocolate.

Para ele, “mala é sinônimo de gente feliz, tipo o vocalista do Chiclete com Banana. Se matar não fosse crime, já tinha passado ele.”

No momento, está escrevendo uma graphic novel de ficção científica, um livro de poemas e um romance de amor entre um tubarão hermafrodita e um arquiteto desmemoriado que se passa em 2055.

Bressane atualiza diariamente o blog.

O que entra no seu blog?
Literatura [minha e alheia], jornalismo [matérias que escrevo por aí, principalmente resenhas literárias e perfis], ficção científica, coisas que tenho escutado [álbuns ou shows], artigos sobre filmes ou comics, ideias soltas, vídeos bizarros, pitacos políticos, cronicagem, traduções, fotos de coisas estranhas, ilustrações, panfletagem de atividades dos amigos. É quase meu desktop, enfim.

E o que não entra?

Tento me distanciar de comentar memes e trendies do momento, ou então, ao menos, observá-las sob outro ângulo – por exemplo, a Pedalada Pelada, que acompanhei de carro, depois croniquei e ilustrei com fotos toscas.

Com blog, você fica ligado o tempo todo?
Sim, é pra isso mesmo que serve. Às vezes nem pra isso, e aí eu posto a ideia [ou o link] no Twitter. Mas eu raramente posto mais que uma coisa por dia. A idéia é que ele fique em suspensão, e não ligadão.

Como é a sua rotina, entre escrever, agir enquanto jornalista e pulsar?

A minha única rotina de verdade é dormir, talvez sonhar. Entre uma noite e outra, nunca sei exatamente o que vai acontecer: na escrita, sou um pistoleiro de aluguel. Nem sempre isso funciona, mas muitas vezes estou escrevendo literatura, aí tenho que produzir algum texto pra algum veículo, ou um e-mail, ou algo no msn, ou no blog, uma coisa se mistura na outra. Fora escrever em casa, já escrevi na rua, num café, numa biblioteca, numa praia, num aeroporto, num barco, teve uma vez que escrevi até em cima de um cavalo [não é metáfora]. Estava falando isso pra um amigo: nossa geração, entre 25 e 40 anos, é a primeira geração de escritores que vivem realmente do que escrevem. Nem sempre é literatura, nem sempre é genial, muitas vezes é só pra pagar as contas, e algumas vezes nem passa de projeto [de filme, de livro, de edição], mas ninguém pode hoje reclamar que precisa ganhar a vida num banco, atrás da bancada de uma farmácia ou num consultório médico.

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A vida entre um sono e outro sonho.

Qual a sua opinião sobre Curitiba?

Um vulcão dentro de um rosebud.

Qual a sua lembrança mais linda, lírica e onírica de Curitiba?

“Linda, lírica e onírica” é uma definição perfeita para certa moça, mas não vou falar o nome nem sob tortura.


E os escritores de Curitiba? Que tal?

Muitos; Curitiba – antes da tal moça – sempre foi uma paisagem nascida dos livros, e aí é chover no molhado, são tantos: Dalton, Snege, Valêncio, Karam – como esquecer os vários engradados de Heineken tombados, junto com qualquer tipo de apego ao senso comum, ao lado desse último, numa madrugada de 2005? Você perguntando agora me veio que Curitiba me virou um sinônimo pra saudade. Preciso voltar logo.

O que você não gosta em Curitiba?

Uma vez cortei o cabelo aí e, embalado no friozinho, dormi – o puto me deixou com cara de emo. O sobrenome era Pinto, eu devia ter sacado que era fria.

E as curitibanas?
Não existem as, existe A.

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