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Qual a imagem do cinema brasileiro na Europa? A pergunta guiou um dos debates mais aguardados pelo público da 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes, na última quarta-feira (27). Estavam presentes jornalistas, espectadores e jovens cineastas desejosos de mostrar seus filmes para uma mesa que reuniu dois curadores “gringos”: os franceses Fabien Gaffez, que participa da comissão de seleção da Semana da Crítica do Festival de Cannes, e Sylvie Debs, curadora do Festival Encontros de Cinema da América Latina de Toulose. Juntamente com Rachel Monteiro, consultora internacional do Programa Cinema do Brasil, eles debateram, principalmente, os estereótipos em relação ao cinema brasileiro e como fugir à imagem de exotismo.

“O exotismo funciona nas duas direções. A maior parte do mundo também vê a França como o país dos perfumes e da gastronomia. E o Brasil muitas vezes divulga esse exotismo, em propagandas de turismo que destacam o carnaval, o samba, as praias”, disse Sylvie Debs. Os curadores afirmam não estar atrás de filmes marcados pela brasilidade – o que muitos europeus ainda esperam encontrar em tudo o que se produz aqui desde que se acostumaram a associar a produção nacional ao engajamento do Cinema Novo. “Eu não busco filmes brasileiros, mas bons filmes, que me toquem”, diz Fabien Gaffez.

À procura de filmes que possam ser exibidos em Cannes, ele revela ter se surpreendido com a “força” de dois documentários exibidos em Tiradentes: Terras, da carioca Maya Da-Rin, e Morro do Céu, do gaúcho Gustavo Spolidoro. “São filmes que tratam de questões específicas do Brasil, mas não é isso o que de fato me interessa.”

Sylvie Debs aponta três janelas de entrada para a produção latino-americana na França. A primeira é o circuito exibidor de cinema, que já exibiu Central do Brasil para 800 mil pessoas. Mas não é fácil convencer um distribuidor europeu a apostar em um filme latino-americano. “Eles querem saber se no país há um ator conhecido como Gael García Bernal, no México, ou Penélope Cruz, na Espanha”, diz. A televisão, principalmente o canal TV Arte, exibe produções latino-americanas que, no entanto, precisam disputar acirradamente espaço em janelas de programação que privilegiam o cinema francês e o norte-americano. Por fim, os festivais também acolhe a produção latino-americana em geral – com destaque para o Festival de Toulose.

A curadora confirma que a próxima edição do evento terá Estômago, do paranaense Marcos Jorge, como filme de abertura, e fará homenagem ao crítico e cineasta Kleber Mendonça Filho, com exibição de seus filmes – entre eles, o curta-metragem Recife Frio, já premiado em Brasília, em dezembro passado, e ovacionado com entusiasmo pelo público de Tiradentes.

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