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De caso com a máfia
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Divulgação
Vito Corleone não aprovaria a Máfia de hoje.

A edição de amanhã do G Ideias trata da Máfia italiana. A simples menção do nome já evoca todo tipo de imagens estereotipadas, de velhos gângsters roucos a Fords T repleto de homens encapuzados empunhando sub-metralhadoras Thompsons 1928, ao som de um bandolin que toca freneticamente as notas do tema da saga O Poderoso Chefão.
Isso porque a ideia de Máfia cultivada pelo imaginário coletivo está vinculada de maneira quase indissociável aos primeiros sessenta anos do século 20, quando o tema foi explorado pelo cinema e pela literatura do mundo. As organizações criminosas que atuam hoje na Itália (e estendem suas atividades a outras partes do mundo) são muito diferentes daquelas retratadas. São grandes empresas que, como qualquer outra, buscam obter os melhores resultados com os menores gastos possíveis.
Minha colega Annalice Del Vecchio entrevistou a jornalista alemã Petra Reski, que publicou o livro Máfia: Padrinhos, Pizzarias, que narra uma viagem da autora à Sicília, onde ela entrevista personagens locais e avalia a influência dos criminosos na pequena ilha.
Eu abordei a Máfia de um aspecto econômico e político. Entrevistei um economista, um historiador e um professor de relações internacionais para entender como o crime organizado atua nos mais variados ramos de atividade. Se em O Poderoso Chefão Vito Corleone não queria estender seus negócios ao tráfico de drogas por achar algo muito sujo e imoral, o clã dos Corleone iria à bancarrota ante o mercado de falcatruas no qual a Máfia moderna enriquece vertiginosamente: tráfico de drogas, escravos, armas e despejo de lixo tóxico. A Camorra, a Máfia napolitana, enriquece envenenando sua própria terra com toneladas de lixo jogadas nas ruas.
Consegui entrevistar também o historiador italiano Salvatore Lupo, autor do livro História da Máfia – Das Origens aos Nosso Dias. Consegui encontrá-lo por telefone na quinta-feira, emendando um pouco mais do que estamos habituados o feriado nacional da “Liberazione Italia”, comemorado no dia 25 de abril (segunda-feira). Ele me disse que só voltaria de viagem na segunda-feira, então resolvemos fazer a entrevista por telefone mesmo. O único problema é que ele não fala inglês muito bem e eu não falo italiano. Mas tudo deu certo, improvisei meu italiano macarrônico e tive muito tempo para entender depois o que ele me respondeu. A comunicação foi feita, mas não passo por italiano mais do que o tenente Aldo Raine no filme Bastardos Inglórios.

Confira o caderno G Ideias amanhã na Gazeta do Povo. Arrivederci!

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