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Paisagens de uma memória distante
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Assim como outros artistas plásticos brasileiros, o maringaense Bruno Moreschi começou o ciclo de exposições de seus desenhos no exterior.

As primeiras experiências foram em Londres, na Inglaterra, e em Sofia, na Bulgária, todas no ano passado.

Somente após a receptividade positiva da crítica e do público nesses países é que ele decidiu mostrar seu trabalho no Brasil.

“Recebi elogios de estrangeiros, o que me fez acreditar no que estava fazendo e ter coragem para expor no Brasil”, comentou.

As obras que Moreschi mostrou na Inglaterra e na Bulgária, em exposições que reuniam vários artistas, não foram as mesmas vistas no Museu de Arte de Goiânia (MAG) – o convite para ilustrar poemas para a revista Babel chegou após as duas primeiras exposições. No MAG, Moreschi apresentou desenhos da série “Desenhos Poemas”.

Em Londres, ele mostrou a peça “E Chegamos ao Fundo” e, em Sofia, “Paisagem Invertida” e “Lagoa”. Em território búlgaro, a exposição tinha um aspecto diferente e, por isso mesmo, curioso.

As obras dos artistas participantes eram de dimensões bem pequenas – as de Moreschi tinham 8 cm por 12 cm. As duas chamaram a atenção não só por suas características estilísticas, mas por estarem posicionadas nos rodapés da galeria de arte.

Moreschi explicou que escolheu os cantinhos próximos ao chão porque ninguém costuma observá-los.

O maringaense queria que os visitantes reagissem à provocação e se agachassem para enxergar seus tênues contornos das obras – o que funcionou na prática. “Era como se os desenhos dissessem às pessoas: ‘se você quer me ver, vai ter de ser tão pequeno quanto eu’.”

Temática
Moreschi nunca viveu no campo. Ao longo dos seus 29 anos, ele viveu em Maringá, Florianópolis e, desde 2006, está em São Paulo.

Quando decidiu fazer desenhos sobre paisagens, a ideia tinha uma característica peculiar: não era, apenas, desenhar paisagens, mas resgatar memórias longínquas, de algum momento de sua infância, com toda a sensibilidade que isso acarreta.

Não é à toa que os traços são básicos, delicados e, às vezes, perdidos diante da imensidão branca do papel.

“São desenhos de poucas linhas, como se não lembrasse direito da imagem retratada”, contou. “Com dois traços, um traço ou menos ainda dá para dizer muita coisa.”

“Nesse mundo, tão cheio de coisas, o mais chocante não é o excesso, mas a falta de excesso”, disse.

Reprodução
Obra de Bruno Moreschi.

Serviço
Leia mais sobre Bruno Moreschi na versão impressa da Gazeta do Povo, nesta terça-feira (10).

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