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Pierre Levy propõe uma nova linguagem para a internet
| Foto:
Tiago Lermen/Divulgação

O teórico tunisiano Pierre Lévy se apresentou na noite de ontem na tenda principal da Jornada Nacional de Literatura. Saudado como um verdadeiro rockstar, o criador do conceito de inteligência coletiva subiu ao palco em meio a palmas e gritarias para sua palestra que tinha como tema “Horizontes do conhecimento na era digital”.

“Vivemos hoje uma aceleração contínua do potencial dos computadores. Esse potencial, entretanto, não é completamente explorado porque o desenvolvemos baseado na linguagem linear da escrita”, disse Lévy. Por isso, ele propõe uma nova linguagem, ainda hipotética, em que seria possível categorizar dados e metadados incorporando-se ao processo de categorização seus respectivos significados. “Esses significados não são absolutos, por isso costumo chamar isso de jogos de interpretação coletiva”, explicou, e complementou que esse sistema de linguagem pode ser explorado em outros ramos da arte.

A palestra sobre essa teoria densa, complexa e ainda sem conclusão durou cerca de uma hora e meia. Lévy a interrompeu algumas vezes para reclamar dos flashes dos fotógrafos e também para brincar com uma mariposa que pousou no palco. Após a explanação, os coordenadores dos debates — os escritores Ignácio de Loyola Brandão e Alcione Araújo — subiram ao palco para debater com o autor.

Brandão não escondeu sua irritação com a complexidade do assunto: “Eu sou apenas um escritor, trabalho com criação e não consigo acompanhar tanta teoria”. A afirmação do escritor parece ter refletido boa parte do pensamento da plateia, que ovacionou a coragem do autor de Não Verás País Nenhum. “Não penso em categorizar dados e significados. Fico ouvindo seu conceito de nova linguagem e apenas me pergunto se isso não vai tolher minha criatividade”. Levy replicou que está preocupado apenas em catalogar posteriormente as informações, e que isso não interfere no trabalho dos artistas. “Entendi. Então eu sigo com a minha arte e os teóricos vêm atrás, como sempre foi”, brincou Ignácio de Loyola Brandão.

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