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Antes de entrar na sala de cinema para conferir Os Miseráveis, tive que lidar com uma atendente animada. “Uma meia para Os Miseráveis”, disse, já olhando para a minha carteira. “E eu digo ‘oi’ [eu retribuí uma cara assustada], eu disse ‘oi’, moço!”, recebi em resposta de dentro da cabine. “Ah, ok, oi pra você”, respondi desconcertado. Só por esse começo, percebi que minha terça-feira poderia ter acabado melhor, ainda mais sendo cantado pela vendedora de ingressos.

Ok. Depois de um lanche rápido, adentrei a sala de cinema para o musical que concorre a diversos Oscars neste ano. Era uma meta da semana: assistir ao filme e tentar aproveitá-lo o máximo possível. Já estava de sobreaviso que o longa dura duas horas e meia e é “praticamente todo cantado”.

Eu adoro musicais, mas não imaginava que a minha amiga que avisou do detalhe sobre frases cantadas estava falando realmente ao pé da letra. Todos os diálogos e cenas da produção possuem ritmo, batidas musicais e, em alguns momentos, até passos coreografados do elenco de uma cena que possui mais de 30 figurantes.

Vários títulos do gênero são os meus favoritos (Mamma Mia, Moulin Rouge e Hairspray são alguns, só pra constar), mas Os Miseráveis parecia uma verdadeira ópera ampliada. Em muitos momentos, durante a exibição, olhei para o relógio, mas fazia questão de admirar aquelas vozes que me encantavam a cada cena.

Perto do final, estava meio cansado, já que havia dormido mal na noite anterior. Mas, lá pelas tantas, recebi um verdadeiro soco no estômago dos roteiristas: “Amar outra pessoa é você ver a face de Deus”, disse a composição de um dos números finais. E percebi que, só por esse simples frase, a minha sessão já havia valido a pena.

Ao sair da sala de cinema ainda incomodado com aquilo, comecei a refletir. Será que havia visto a face de Deus naquele dia – que agora despencava a maior da chuva nas minhas costas indo para casa? Será que eu tento ser um pouco mais calmo ou utilizado alguns dos ensinamentos que tenho aprendido com a minha religião?

Sou suspeito para falar de igreja, ainda mais por ter vivido Jesus em espetáculos de Paixão de Cristo por 3 anos e fazer questão de frequentar a missa todos os finais de semana. Independente da sua orientação espiritual, acredito que todos nós temos que acreditar que há algo supremo, algo que reja os nossos dias e, por isso, temos que ser um pouco reflexivos nesse ponto.

Seu dia, sim, pode ficar melhor se ver a face de Deus. E onde encontrá-lo? Simples: abra uma janela no seu Facebook, com o seu melhor amigo. A conversa precisa ser verdadeira e você precisa estar focado ali, preocupado em ouvi-lo. Ou então, dê um abraço apertado em seu familiar mais próximo. Ou ainda, seja sincero, seja verdadeiro, seja condizente com aquilo que você acredita ou pensa sobre a vida.

Só assim, você vai acabar vendo a face de Deus e tendo chances de amar outra pessoa. Amor, para muitos, pode ser complicado, mas é uma questão de tempo – principalmente a respeito de relacionamentos. Dê um tempo à vida, reflita sobre suas ações e tente ser uma pessoa melhor. Afinal, a vida pode acabar em uma questão de segundos e nada melhor o que ao final dela ser lembrado pelo seu amor. Mesmo que seja dando um singelo “oi” para um desconhecido na bilheteria de um cinema.

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