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Livre como Leila
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A antropóloga Mirian Goldenberg diz que não existiram no mundo mulheres mais revolucionários do que Leila Diniz e Sinome de Beauvoir. Leila, em especial, chama a atenção da pesquisadora pela liberdade, prazer e irreverência. Lendo a biografia de Leila Diniz, escrita pelo jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, comecei a pensar sobre a liberdade e o significado dessa palavra para cada geração. Nas décadas de 60 e início dos 70, Leila criou polêmica por ser desbocada, ter uma vida sexual sem dramas e ser muito feliz sem ser casada.

Divulgação/ Agência O Globo
Leila no Rio de Janeiro, em 1973

Mas pensem na fotografia que até hoje é a imagem mais lembrada dela: grávida de biquíni na praia. Hoje, em tempos de Gaiola das Popozudas, Leila seria considerada, no máximo, espevitada.
A filha que Leila gerava naquela foto é Janaína Diniz Guerra. Tive o prazer de conhece-la e trocar algumas correspondências em 1989, época em que estávamos engajadas no movimento de aprovação do voto aos 16 anos, que no Rio se chamava Se Liga 16. Para a filha de Leila, liberdade era poder escolher os governantes, poder opinar, não assistir como coadjuvante.
E hoje, o que seria liberdade para a mulher (digo a de classe média, como Leila e Janaína)? Conversando com amigas na faixa dos 30, já com suas vidas consolidadas, sinto que o que mais aflige a mulher é a sensação constante de culpa.
E explico: culpa por te investido de mais na carreira e deixado de lado a vida pessoal, ou o inverso. Culpa por ter filhos e trabalhar, não conseguir dar toda a atenção necessária à criança, culpa por não saber se foi até onde conseguiria ir, seja na vida pessoal ou profissional. Enfim, temos essa sensação de culpa eterna — mais forte dos que os homens– e sinto que se encontrássemos o equilíbrio para essa angústia, conseguiríamos nos sentir livre, como Leila.

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