Ator inglês Stephen Fry no papel de Oscar Wilde.
Li ontem no site da BBC uma notícia tão curiosa quanto perigosa. Segundo psiquiatras britânicos, a nova onda por lá é o autodiagnóstico do transtorno bipolar, um distúrbio psíquico caracterizado pela instabilidade de humor, em que o paciente tem altos e baixos bastante intensos em curtos períodos de tempo. Você já deve ter notado que o problema é um verdadeiro atrapalho na vida social e afetiva dessas pessoas, mas, aparentemente, há quem o considere um traço interessante de personalidade. Para os psiquiatras, este fenômeno é resultado de uma conscientização pública maior sobre a bipolaridade, já que várias celebridades andam debatendo o tema abertamente e, inclusive, assumindo sua condição de bipolares – é o caso do ator inglês Stephen Fry, mas Kurt Cobain, Sinead O’Connor, Britney Spears e Marilyn Monroe também fazem parte da lista dos famosos com o transtorno. Como este traço geralmente está associado a pessoas mais criativas, inquietas e inteligentes, a teoria é que algumas pessoas estejam buscando um status social mais alto quando se autodiagnosticam com o problema.
De acordo com a psicanalista Alcione Albino, a bipolaridade é o termo da moda para definir um comportamento antes conhecido como maníaco-depressivo. “São novos nomes para velhas doenças”, diz. Além do autodiagnóstico, ela revela que é comum receber em seu consultório pacientes identificados como bipolares por outros profissionais e que, durante o processo de psicanálise, apresentam outros distúrbios de ordem psicológica.
Muleta
“Ninguém é só um sintoma, mas todo sintoma é um alerta. Se a pessoa tem crises repetidas de euforia e depressão, deve procurar um psiquiatra e, se for diagnosticada como bipolar, precisará fazer um tratamento para controlar sistematicamente o transtorno, com medicamentos e sessões psicoterapêuticas.”, explica Alcione Albino. O maior problema, segundo ela, é a “muleta da bipolaridade”, quando o distúrbio é usado para justificar o comportamento irresponsável e agressivo de uma pessoa, como um rompante de histeria.
Se você convive com alguém que apresenta esse tipo de distúrbio, escreva para viverbem@gazetadopovo.com.br ou deixe um comentário aqui no blog.
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