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Olá amigos,

Desculpem a demora em voltar a postar, mas como para todos, a vida aqui está muito corrida e o blog acaba sofrendo um pouco as conseqüências deste cotidiano agitado. Por falar em correria, trabalho, segue abaixo um texto do nosso sempre solidário colaborador Eloi Zanetti. Para quem ainda não conhece o Elói pelo link poderá ser apresentado a ele.

No texto a seguir, o autor trata de um velho problema da humanidade. A dificuldade em reconher os erros. A falta de reconhecimento das nossas falhas afeta as nossas relações em geral, família, amigos e em muito o ambiente de trabalho. Por isso vale refletir sobre a mensagem abaixo. É nas empresas que trabalhamos que passamos muitas vezes a maior parte de nosso tempo, por isso este lugar pode ser uma excelente ferramenta para ajudar em nosso crescimento pessoal e sim, como não, espiritual.

Segue a íntegra do texto.

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“Empresas são seres orgânicos, administradas por seres orgânicos humanos e por isso sujeitas a falhas. Não existe empresa perfeita e se existisse seria inviável porque custaria muito caro.

Administrar um ambiente corporativo é uma luta eterna, arruma-se de um lado, desarruma-se do outro. E com tantos afazeres e complexidades é comum acontecerem erros. Responsáveis é que não aparecem, pois nestes ambientes é raro que se faça o mea culpa. O culpado será sempre o outro, em geral o mais fraco. Vamos a alguns exemplos.

Quando as vendas estão boas, quase sempre falta matéria-prima e a culpa recai no setor de compras ou no próprio departamento comercial que não soube fazer a previsão correta. Ninguém procura se informar se a turma da produção não alertou a tempo para a falta de um insumo ou componente.

Máquinas avisam que quebrarão com antecedência e, com medo de reprimenda, operários escondem o fato. Perder tempo e dinheiro na administração de crises programáveis é o que mais se faz neste país. Todo mundo tem medo de ser castigado, com certeza herança dos tempos da escravidão.

Pedido entregue errado ou com embalagem rasgada é responsabilidade da logística que contratou a transportadora mais barata, e nunca do departamento financeiro que bateu pé e exigiu o menor custo de frete.

Nestes casos, não tendo muitas vezes a quem culpar, aquele que não pode ser encontrado serve como responsável. Freteiros e chapas de caminhão são bodes-expiatorios perfeitos – nunca o pessoal de design que programou uma embalagem fraca, por exigência do “compras” que sempre escolhe o mais baratinho.

Custos com devolução, fretes extras e perdas de clientes jamais são computados nesta engenharia financeira às avessas. Encontra-se um culpado que não pode espernear e tudo fica como dantes.
Por outro lado, quando faltam vendas, a queixa sempre recai para o lado dos vendedores e representantes. Ninguém procura saber se é a carência de um sistema comercial ágil e flexível que emperra os negócios.

A frase militar “Quem dá a missão supre os meios.” não existe em tais empresas.
Sistemas caem, computadores falham, a comunicação emperra e a culpa é sempre da nova tecnologia, nunca dos humanos que as administram. Trabalhar com amadores, com gente mal recrutada e mal paga, ser complacente com o descaso e o desleixo, não é culpa de ninguém. Acionistas precisam de lucros: os fins justificam os meios.

O montador culpa o produto e os gerentes de produtos transferem a culpa para o sistema que, por sua vez, culpa o marceneiro, que reclama do projeto mal elaborado. O lojista culpa a qualidade do material e deixa a dona de casa desesperada porque comprou a cozinha dos seus sonhos e lhe entregaram um pesadelo.

A porta não tranca, a corrediça não corre, o bonito móvel que ficou tão bem no projeto, não cabe no espaço real e o montador foi embora sem dar satisfação. Haja paciência com tanto descaso e excesso de culpados impessoais.

O assunto é sério porque, deixados à própria sorte, pequenos erros crescem exponencialmente e, somados, carregam prejuízos ameaçadores. Cuidados a tempo e corrigidos na origem servem de parâmetro para não acontecer mais.

Fugir da responsabilidade, esquivar-se, jogar culpa em outros e em divindades faz parte dos costumes da sociedade brasileira. Se pretendemos ser globalizados, temos muito que aprender.

Exorcizar bodes-expiatorios e bater no peito corajosamente em sinal de mea culpa, reconhecendo erros é um dos aprendizados. O ambiente empresarial exige firmeza de caráter e coragem para ações, mesmo que estas possam dar errado.

É assim que aprendemos: reconhecendo erros e aprendendo com eles. O sucesso tem muitos pais, o erro é órfão de pai e mãe.”

Eloi Zanetti – eloizanetti@terra.com.br

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